Valor Bruto da Produção do agro mineiro deve fechar o ano em R$ 124 bilhões
Novas estimativas foram calculadas durante o mês de julho, conforme dados acumulados de janeiro a junho
As estimativas do Valor Bruto da Produção (VBP) da agropecuária em Minas Gerais para 2023 apontam faturamento total de R$ 123,9 bilhões, representando redução de 0,7% em relação ao ano anterior. Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), Caio César Coimbra, a ligeira retração se deve à desvalorização do café, o carro-chefe do agronegócio mineiro, nos primeiros meses de 2023. “Ainda assim, a expectativa para o ano todo é de crescimento do VBP do café. A alta se justifica, principalmente, pela melhoria das condições climáticas para as lavouras em comparação aos últimos anos”, avalia. Entre os segmentos da agropecuária, as lavouras são responsáveis por 67% do valor faturado pelo agronegócio em Minas Gerais. Para o ano de 2023, estima-se uma queda de 0,9% nesse segmento, com uma receita de R$ 82,4 bilhões. Apesar do cenário de retração, algumas culturas apresentam crescimento em suas receitas, são elas: café (5,6%), cana-de-açúcar (6,2%), feijão (29%), banana (2%), tomate (24,3%), laranja (28,5%), mandioca (35%), amendoim (81,7%), uva (10,1%) e arroz (18,3%). Juntos, os produtos correspondem a 63% do faturamento total das lavouras em Minas. Cafeicultura O café ocupa a liderança no segmento agrícola, com o VBP estimado em R$ 29,1 bilhões e aumento de 5,6% em relação ao ano anterior. Apesar da redução nos preços de mercado do produto, se comparados a 2022, o bom resultado do VBP se explica pela previsão de crescimento da safra em 2023, que deve alcançar 27,8 milhões de sacas, com alta de 26,7%. As desvalorizações do produto, apesar de gerarem preocupação entre os produtores, resultaram em aceleração no ritmo de negócios em alguns momentos do mês de junho. Cana-de-açúcar A estimativa do VBP para a cana-de-açúcar é de R$ 12,3 bilhões, número 6,2% superior à safra passada. Segundo a Conab, para a safra 2023/24, a produção deverá crescer 10,7% e alcançar em torno de 78,1 milhões de toneladas colhidas, devido ao bom regime de chuvas nas regiões produtoras, o que propiciou boa umidade no solo e contribuiu para o desenvolvimento pleno e a melhoria na qualidade produtiva dos canaviais. “A cultura da cana é de grande importância para Minas Gerais, que hoje é o segundo maior produtor brasileiro. Além de gerar emprego e renda para o estado, a cana é matéria-prima para a produção de etanol, combustível estratégico para a descarbonização da atmosfera”, ressalta o subsecretário Caio. Grãos Ainda segundo a Conab, há expectativa de safra recorde de grãos em Minas Gerais, da ordem de 18,7 milhões de toneladas. A soja, que ocupa a segunda liderança no segmento agrícola mineiro, com participação de 22,3% do total, atrás somente do café, tem estimativa de faturamento prevista de R$ 18,3 bilhões. O dado é 12,4% inferior ao do ano de 2022. As negociações envolvendo a soja permaneceram aquecidas durante o mês de junho, devido à entrada da segunda safra de milho. As cooperativas e os cerealistas incentivaram os produtores a liquidarem a parte remanescente da safra verão, com o objetivo de liberar espaço nos armazéns. Esse cenário resultou em aumento da liquidez da oleaginosa no mercado brasileiro, ainda que a preços menores. A desvalorização do dólar frente ao real reforçou a pressão sobre os valores no Brasil. Outros produtos com projeções de queda incluem milho (17,3%), batata-inglesa (5,8%), algodão (10,8%) e trigo (18,3%). Os preços domésticos do milho iniciaram e encerraram junho enfraquecidos. O movimento de desvalorização no encerramento de junho ocorreu em decorrência ao avanço da colheita de segunda safra, que, embora atrasada em comparação à temporada anterior, ganhou ritmo e intensidade na segunda quinzena de julho. Assim, a demanda pelo cereal se enfraqueceu, com compradores negociando apenas de forma pontual, com base na necessidade imediata. Pecuária A pecuária também apresenta previsão de estabilidade, com pequena queda de 0,2%, com receita total estimada de R$ 41,5 bilhões. Entre os produtos, o leite, a carne suína e os ovos destacam-se com crescimentos de 5,8%, 7,4% e 40,5%, respectivamente. No entanto, é esperada uma queda de 11,3% na receita da carne bovina e de 6,8% na receita da carne de frango. O leite ocupa a liderança no segmento pecuário, representando 41% do total do Valor Bruto da Produção (VBP) da pecuária em Minas. As estimativas indicam que o VBP do produto alcançará R$ 17 bilhões em 2023, com um crescimento de 5,8% em relação ao ano anterior. O preço médio mensal experimentou aumento entre janeiro e abril deste ano, em razão da menor disponibilidade de leite para o mercado. Porém, desde maio, vem sofrendo queda, devido aos sensíveis acréscimos do volume de importações do produto. A carne bovina ocupa a segunda posição de destaque no VBP da pecuária, representando 29,1% do total. A projeção para o faturamento bruto da carne bovina em 2023 é de R$ 12,1 bilhões, registrando queda de 11,3% em comparação ao ano anterior. O primeiro semestre se encerrou com forte queda nos preços da arroba bovina. As desvalorizações mantiveram muitos pecuaristas em alerta ao longo do período, fato marcado pela oferta maior de animais para abate e pela suspensão de um mês nos envios de carne bovina à China, principal destino da proteína brasileira. Já a carne suína tem previsão de crescimento de 7,4%, com receita esperada de R$ 3,8 bilhões em 2023. Apesar da reação nos valores pagos pelo suíno vivo e pela carne, na segunda quinzena de junho, as médias mensais dos preços do animal e da proteína ficaram abaixo das registradas em maio. No comparativo anual, as variações em termos reais seguiram direções opostas nas praças acompanhadas pelo Cepea. Na Grande Belo Horizonte, houve desvalorização mensal de 7,4%, com o animal sendo comercializado a R$ 6,48/kg em junho, valor 4,8% inferior ao mesmo período de 2022.
A projeção foi calculada em julho, com base nos dados acumulados de janeiro a junho, pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), utilizando informações do IBGE, da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/USP). Conforme o subsecretário de Política e Economia Agropecuária daFoto: Gil Leonardi / Imprensa MG
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