Primeira expedição pedagógica da UFVJM cruza fronteiras de 21 municípios

 Primeira expedição pedagógica da UFVJM cruza fronteiras de 21 municípios


Da nascente à foz do Rio Jequitinhonha, travessia foi realizada do dia 14 ao último dia 21 de novembro; com participação de professores, alunos e grupo de internacionalistas (alemães, espanhola, russa)

Conectar lutas, memórias, modos de vida e saberes dos territórios do Vale do Jequitinhonha aos processos formativos desenvolvidos no âmbito da pesquisa, ensino e extensão da UFVJM. Esse foi o principal objetivo da travessia pelos caminhos do Rio Jequitinhonha, a ‘Viagem Interdisciplinar da nascente à foz do Rio Jequitinhonha: tecendo sabedorias entre ataques e resistências’. Realizada pelo Programa de Pós-Graduação em Estudos Rurais (PPGer) e pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Humanas, a expedição pedagógica da UFVJM saiu no último dia 14 de novembro e durou até o dia 21 de novembro deste ano.

A expedição contou com a participação de pesquisadores dos dois Programas de Pós-Graduação, em Estudos Rurais e Ciências Humanas; estudantes do curso de graduação em Licenciatura em Geografia e Educação do Campo (LEC); cinco professores da UFVJM; e um grupo de internacionalistas (alemães, espanhola, russa), lutadoras da causa indígena da região e da Comissão Pastoral da Terra. O percurso contou com visitas a comunidades quilombolas, indígenas; campesinos da reforma agrária; e comunidades urbanas atingidas por barragem do Rio Jequitinhonha e marisqueiras.

“Embebido no ideal de que ‘el camino se hace al caminar’; e seguindo o roteiro das memórias e resistências dos Vales, cruzamos a fronteiras de 21 municípios (18 em Minas Gerais e 3 na Bahia), dormimos em 6 municípios ao longo do Rio Jequitinhonha. Fizemos mais de 18 paradas para encontros e diálogos sobre as histórias, riquezas e lutas de povos indígenas, comunidades quilombolas, religiões de matriz africana, sindicalistas rurais, escola família agrícola, agricultores de toda diversidade de riquezas regionais, movimentos sociais que lutam pelo direito à terra, educação, moradia e por reparação aos danos causados por grandes empreendimentos empresariais”, conta a coordenação do mestrado em Estudos Rurais, professora  Ivana Cristina Lovo.

A coordenadora narra que “o caminho vivido ao longo da bacia do Rio Jequitinhonha denunciou que os grandes empreendimentos foram viabilizados com a conivência do estado, que parece abandonar a região à sua própria sorte e só age com sua grande força para viabilizar a exploração dessas populações e de seus bens comuns, a começar pela derrubada das florestas e genocídio dos povos originários para o avanço dos latifúndios, para a mineração dos metais preciosos enviados para a Europa e até hoje comercializados nos mais ricos centros econômicos mundiais, passando pelo avanço da monocultura de eucalipto e seu ‘deserto verde’ devastando os solos comunais das chapadas, as águas, o cerrado e a mata atlântica”.

Ivana relata que a expedição “encontrou pescadores sem peixes e cidades turísticas abandonadas pela construção de grandes barragens hidroelétricas no Rio Jequitinhonha. Barragens que empossaram e controlam a vazão do rio em nome da elevação de suas taxas de lucro, em benefício de isenções fiscais na conta de energia elétrica das grandes empresas, sem compensação para a população local, profundamente impactada pelos danos socioambientais e a degradação do Rio Jequitinhonha. E, mais recentemente, a crescente ameaça da nova corrida multinacional pelo ‘ouro branco’, o lítio, que começa a gerar muita riqueza no exterior e deixar devastação e sacrifício no Vale do Jequitinhonha, anunciando a continuidade do ciclo de expropriação colonial”.

Para a professora, “apesar dos ataques e ameaças, ou talvez exatamente por isso, a bacia do Rio Jequitinhonha possui enorme patrimônio natural e guarda grande riqueza cultural de um povo feliz e forte, que se articula para lutar por um Vale do Jequitinhonha livre de toda forma de opressão e exploração. Essa foi a primeira atividade na UFVJM que atravessou o rio, para além das cisões geopolíticas estaduais do território dos povos do Jequitinhonha. Certos de que a expedição pela bacia do Rio Jequitinhonha não se esgota com a chegada do coletivo viajante em Diamantina, mas se transforma na práxis educativa que reconhece o território da bacia, entendendo suas diversidades, saberes, semeando o diálogo, a partilha e a articulação dos povos do Vale, seguiremos adiante. A semente foi lançada, deixou o dever de reviver a travessia, envolvendo mais representantes das comunidades visitadas e os respectivos movimentos sociais que os representam”, reflete Ivana.

 

Conheça o roteiro do trabalho de campo – Da nascente à Foz do RioJequitinhonha, o mapa da expedição aqui: 

Veja aqui um relato sobre a expedição feito pelo egresso do PPGer e representante da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Paulo André Alves de Amaral. 

Confira mais imagens e informações sobre a expedição no perfil oficial do Programa de Pós-Graduação em Estudos Rurais (PPGer): @estudosrurais

Agradecimento especial dos realizadores da expedição:

À coorganização dos estudantes do Programa de Pós-Graduação em Estudos Rurais (PPGER) e à Divisão de Transporte da UFVJM, Campus JK.

Organizadores: PPGER, PPGCH, Observatório dos Vales e Semiárido Mineiro.

Apoiadores: CAPES e PRPPG, FIH, PROEXC e grupo de alemães que participaram da viagem”.

 

Fotos anexas (legendas como nomes dos arquivos).

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