Precisamos falar da pobreza rural

A pobreza e a extrema pobreza continuam, ano após ano, a ser uma grande marca na sociedade brasileira. Segundo os dados do IBGE de 2019, o país tinha 13,5 milhões de pessoas em situação de extrema pobreza,  que de acordo com critérios do Banco Mundial, são pessoas com renda mensal per capita inferior a R$145. Somadas às pessoas que estão na linha da pobreza, chegam a 25% da população do país.

As características e a distribuição da população em situação de pobreza e extrema pobreza chamam a atenção. Os pretos e pardos correspondem a 72,7% dos que estão em situação de pobreza ou extrema pobreza – são 38,1 milhões de pessoas. Dentre aqueles que estão em situação de pobreza, as mulheres pretas ou pardas compõem o maior contingente: 27,2 milhões de pessoas. Vale destacar que o rendimento domiciliar per capita médio de pretos ou pardos é metade do recebido pelos brancos.

A pobreza e a extrema pobreza têm efeitos terríveis para a dignidade das pessoas e, no caso de crianças e adolescentes, trazem consequências irreparáveis. A situação compromete irreversivelmente seu desenvolvimento, condenando-os a um estado perpétuo de vulnerabilidade. Crianças criadas em um ambiente de privação, tem seu potencial de crescer, estudar e trabalhar cerceados por falta de oportunidades.

Região Porto Buriti de Paracatu

A alta incidência de pobreza no meio rural exige da ação governamental estratégias específicas capazes de reconhecer e incorporar em suas ações a diversidade social e econômica existente no campo. Por se tratar de regiões distantes do dia a dia da cidade, essas populações precisam ser pensadas, no sentido da equidade, para terem acesso aos programas de saúde e proteção social.

No município de Paracatu encontramos um exemplo que remete à necessidade do olhar do governo para a zona rural, em que pessoas vivem em condições de extrema pobreza. Famílias que vivem numa comunidade rural, na região do Porto Buriti, há 50 km da cidade de Paracatu, encontram-se em situação de risco. A partir do relato de  uma pessoa, acostumado a realizar visitas constantes na região, há casos em que a família não recebe benefício, porque as crianças não estão matriculadas na escola, por falta de documentação; alguns estão cadastrados no Centro de Referência da Assistência Social (CRAS), mas nunca receberam uma visita domiciliar; pessoas doentes com comorbidades que não vieram vacinar por falta de condução; além disso faltam alimentos, roupas, cobertores.

Neste mês de maio, a editora deste jornal, esteve falando com a pessoa que fez o contato no grupo de whatsApp e assim mobilizados para de imediato ajudá-los a terem algum conforto, tendo como resultado a doação de cestas básicas e roupas de amigos e conhecidos sensibilizados por esse relato. No entanto, a longo prazo, é necessária a mobilização também do governo, que pode acolher por meio das políticas públicas e oferecer cuidado e acesso aos direitos básicos de bem-estar social.

Aqui, portanto, fica registrada a urgência de um olhar do poder público para que providências sejam tomadas, pois acreditamos na capacidade de mudança desse cenário e na construção de uma Paracatu em que todos tenham uma vida digna.  E que as crianças e jovens possam sonhar e, de forma mais equitária em oportunidades, possam ser quem quiser.

 

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O Lábaro

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