Paracatu recebe exposição de fotografias “Muros Invisíveis – Professores Negros” 

 Paracatu recebe exposição de fotografias “Muros Invisíveis – Professores Negros” 

O Ministério Público do Estado de Minas Gerais, através da 3ª Promotoria de Justiça de Paracatu, a Plataforma Semente, o CAOMA – Centro de Apoio Operacional do Meio Ambiente e a Associação Cultural Sempre Um Papo, em parceria com a Prefeitura de Paracatu, realizam a exposição/legado “Muros Invisíveis – Professores Negros”. Trata-se de uma ação propositiva no sentido de construir iniciativas de reparação no âmbito do combate ao racismo ambiental.

A exposição/legado apresenta 21 retratos de professores negros da rede pública de ensino de Paracatu e tem como objetivo homenageá-los e tirá-los da invisibilidade, ao fazer um relato sobre a sua trajetória de vida. Eles foram selecionados pelos curadores Rose Bispo e Kassius Kennedy e os registros fotográficos feitos por Lucas Souza. Os painéis contém informações biográficas acessíveis (com libras) e audiodescrição.

A exposição irá ocupar a Praça da Matriz de Santo Antônio (Rua Dr. Sérgio Ulhôa, Centro)  do dia 24 de maio a 15 de setembro, e terá acesso gratuito.

A abertura oficial será realizada dia 24 de maio, sexta-feira, às 18h, e contará com a presença de autoridades, dos professores retratados e suas famílias, e do público em geral.

Os totens da exposição “Muros Invisíveis – Professores Negros” apresentam a imagem do professor de um lado e, do outro, uma autobiografia, contando um pouco sobre a sua história e trajetória profissional. A mostra tem por objetivo reconhecer os professores negros pelo seu trabalho e dar visibilidade a esses que foram – e são – fundamentais para a construção de Paracatu como cidade. O presidente da Associação Sempre um Papo, Afonso Borges, afirma que “a Plataforma Sementes foi a ação pública de reparação mais consistente e genial criada no âmbito do Ministério Público dos últimos 50 anos no Brasil. As pessoas precisam conhecê-la”.

A promotora de Justiça de Paracatu, Mariana Leão, declarou que “o negro tem sido  representado de forma desumanizada e estereotipada, só tendo algum valor quando sua imagem é associada ao esporte ou música. Através desse projeto, o Ministério Público busca combater esses estereótipos e moldar o imaginário coletivo através da valorização de educadores”.

Os professores que compõem a exposição “Muros Invisíveis – Professores Negros” são Benedita Gomes da Mota, Cristina Aparecida Damasceno Rodrigues, Dirce Coelho Guimaraes Camargo, Eleidmar Soares Gonçalves, Flávia Pereira Gonçalves, Gilda Gonçalves Braga, Iva Monteiro de Melo, Izabel do Carmo Alves Oliveira, José Eustáquio Nunes Costa, Laiza Rodrigues Alves, Lidis Maria Soares Rocha, Márcia de Castro, Maria de Jesus Barbosa Feliciano, Marlene Costa Oliveira, Naiara Costa Martins, Pedro Afonso Martins, Ramon Viana Freitas, Rosa Helena Sousa Neto, Selma Bispo dos Anjos Silva, Suzana Damasceno Oliveira e Virgínia Teodoro da Silva.

De acordo com a curadora Rose Bispo, que é quilombola, capoeirista, percussora da cultura afro brasileira e presidente do COMPIR Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial e Gestora da Igualdade Racial no Município, a curadoria usou critérios para a seleção dos professores negros que visam representar a diversidade e relevância desses profissionais na sociedade. “Foram considerados aspectos como a trajetória profissional, acadêmica e tradicional, a contribuição para a educação e para a comunidade, além do impacto de seus trabalhos na promoção da igualdade racial e na valorização da cultura afro-brasileira. Quanto à seleção, também foi considerada a representatividade de diferentes áreas do conhecimento, levando em conta que Paracatu possui uma vasta tradição da população negra e quilombola”, explica.

Rose Bispo e o parceiro de curadoria, o professor da rede pública municipal de Paracatu e doutor em História pela Universidade de Brasília, Kassius Kennedy, avaliam que a realização da exposição em Paracatu é de extrema importância, e por diversos motivos: “Primeiramente, ela contribui para a valorização da história e da cultura afro-brasileira de uma população que tem 73% de seu povo preto, ressaltando a importância dos professores negros e seu legado para a educação e para a sociedade como um todo. Além disso, a exposição pode promover reflexões sobre a igualdade racial, a diversidade e a inclusão, temas fundamentais para a desconstrução de um novo  pensar. Por fim, ao trazer a exposição para Paracatu, a iniciativa pode estimular o diálogo e o intercâmbio cultural entre diferentes comunidades, enriquecendo o cenário cultural e educacional local”, acreditam.

Ciclos de debate

Além da exposição, acontece, em paralelo, um ciclo de debates virtuais com a participação dos professores negros retratados, defensores e pessoas atuantes no que tange à temática em questão, a fim de aprofundar a compreensão das questões étnico-raciais e incentivar a discussão construtiva em torno desse tema tão crucial para a sociedade como um todo. A ideia é que, por meio desses encontros, seja feita uma análise da trajetória desses professores nas escolas de Paracatu, discutindo como esse legado impacta as lutas sociais e políticas no presente, inspirando e fortalecendo o protagonismo negro na sociedade.

Com os debates, somados à exposição, o objetivo se amplia ainda mais, buscando  promover a conscientização e o diálogo na cidade mineira por meio da retratação da realidade histórica e contemporânea da questão racial. O projeto, como um todo, busca proporcionar um espaço de reflexão, aprendizado, além de contribuir para a promoção da igualdade, inclusão e respeito à diversidade racial, incentivando a participação ativa da comunidade e das instituições educacionais locais.

Dados do IBGE

O Censo de 2022 do IBGE indicou que Minas Gerais conta com a terceira maior população quilombola do país. Indo além, a cidade de Paracatu tem cinco quilombos e está entre os dez municípios com mais quilombolas no Estado, contabilizando 2.836 pessoas. Diante disso, o ciclo de debates e a exposição “Muros Invisíveis – Professores Negros” tornam-se ainda mais relevantes, uma vez que traz representatividade e visibilidade dessa parcela da população de Paracatu, visando promover ideias para mitigar as adversidades enfrentadas pelos negros, meta da Plataforma Semente.

Plataforma Semente

A Plataforma Semente é o maior banco de projetos sociais do país. Por meio de um sistema virtual de amplo acesso em Minas Gerais, cadastra projetos de defesa dos direitos difusos e coletivos apresentados por instituições do terceiro setor, empresas privadas e poder público. Com o apoio de uma equipe multidisciplinar, cada iniciativa é supervisionada desde a sua contemplação até a divulgação dos relatórios de prestação de contas e execução técnica. Desta maneira, a Plataforma Semente garante democratização, transparência e segurança jurídica aos Promotores de Justiça na destinação de recursos oriundos de Medidas Compensatórias.

Agradecimentos

A realização deste projeto deve-se ao empenho de Jarbas Soares Júnior, Procurador-geral de Justiça de Estado de Minas Gerais, Carlos Eduardo Ferreira Pinto, Promotor e Coordenador do CAOMA – Centro de Apoio Operacional do Meio Ambiente, Mariana Leão, Promotora de Justiça de Paracatu, e Renata Fonseca coordenadora da Plataforma Semente.

Serviço:

Exposição “Muros Invisíveis – Professores Negros”

Data: 24 de maio a 15 de setembro de 2024

Local:  Praça da Matriz – Centro Histórico de Paracatu / MG – Acesso gratuito

Informações para a imprensa:

imprensa@sempreumpapo.com.br

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O Lábaro

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