Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal preenchem critérios de prioridade para candidaturas à lista de Patrimônio da Humanidade
A 17ª Sessão do Comitê Intergovernamental, promovida pela Unesco, foi encerrada no sábado (03/12), com o anúncio dos critérios de priorização
Após seis dias de trabalhos, a 17ª Sessão do Comitê Intergovernamental para Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial da Unesco, em Rabat, no Marrocos, foi encerrada no sábado (3/12). Uma comitiva composta pelo Governo Minas, por meio das secretarias de Cultura e Turismo (Secult) e de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), e pelo governo federal, por meio do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), vinculado à Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo, esteve no evento para a promoção dos Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal, bem cultural inscrito no Livro de Registro dos Saberes que deve ter a candidatura à Lista Representativa do Patrimônio da Humanidade apresentada ainda este mês.
No último dia de encontro, a Unesco apresentou os critérios para a priorização de candidaturas, a serem analisadas no próximo ano, e este bem cultural se encaixa nestes critérios. Dentre eles, o fato de o Brasil não ter apresentado candidatura de bens culturais no ciclo anterior e estar localizado em uma região, da América Latina e do Caribe, sub-representada na Lista representativa do patrimônio cultural imaterial da humanidade.
Para o superintendente de Abastecimento e Cooperativismo da Seapa, Gilson de Assis Sales, a oportunidade reforça o papel de vanguarda do Queijo Minas Artesanal. “A candidatura vai nos mostrar o caminho que deve ser trilhado para outros produtos de Minas Gerais e outros queijos artesanais. Uma ação como esta gera curiosidade nas pessoas, atrai novos consumidores, traz mais vendas para os produtores, rentabilidade e, em consequência, desenvolvimento para o setor”, afirma.
Já a secretária de Estado Adjunta de Cultura e Turismo, Milena Pedrosa, destaca a relevância da promoção das tradições mineiras. “É muito necessário que juntos possamos fortalecer nossa cultura, nossa arte e também os nossos saberes tão valiosos para Minas Gerais”, diz.
Também integraram a comitiva representantes da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), da Associação Mineira de Produtores de Queijo Artesanal (Amiqueijo) e do Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado de Minas Gerais (Ocemg).
As ações de promoção contaram ainda com o apoio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae Minas), da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), do Instituto Periférico e da Faculdade Estácio.
Regiões produtoras
Em 2021, o Iphan modificou o título do bem cultural para Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal, ampliando o território de abrangência do registro para as regiões identificadas pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG). As novas regiões agregadas foram: Araxá, Campo das Vertentes, Serras do Ibitipoca, Triângulo de Minas, Diamantina e Entre Serras da Piedade e do Caraça. Até então, constavam Canastra e Serro.
Para a presidente do Iphan, Larissa Peixoto, esta candidatura é exemplo de ação exitosa envolvendo diversos parceiros de salvaguarda: “A candidatura promoveu a ampliação da articulação institucional entre os vários órgãos e instituições que lidam com o universo da produção do Queijo Minas Artesanal, o que propiciou o estabelecimento de um profícuo diálogo com vistas à produção de soluções conjuntas e a não sobreposição de ações, demonstrando a importância da continuidade e aprofundamento desse processo de salvaguarda no sentido do fortalecimento de uma rede que atue em prol dos detentores deste saber e de sua continuidade, tomando por referência suas demandas e necessidades”.
A chefe de gabinete da Emater-MG, Marina Simião, ressalta os esforços da empresa para a promoção do produto tipicamente mineiro. “Na medida em que temos o reconhecimento dos Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal como patrimônio imaterial da humanidade, a Emater também é valorizada pelo trabalho que é feito no campo. Parte dos estudos produzidos e encaminhados vem exatamente pela caracterização que a Emater faz das regiões produtoras, detalhando o ‘terroir’ e o histórico em torno dessa produção”, relata.
Dossiê
O passo seguinte após a sessão realizada no Marrocos é a conclusão, nas próximas semanas, do dossiê para a candidatura a patrimônio imaterial, pelas equipes técnicas do Governo de Minas e do governo federal. O prazo para envio se estende até março de 2023. Já a deliberação sobre a inscrição na lista representativa deve acontecer no fim de 2024.
A redação do documento é realizada pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha) e pela Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), com a supervisão do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A previsão é de que ele esteja protocolado até o fim deste mês de dezembro.
Programação
A programação da 17ª Sessão do Comitê Intergovernamental para Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial da Unesco contou com palestras, visitas técnicas e reuniões entre autoridades internacionais e o grupo envolvido na candidatura dos Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal.
O Centro de Referência do Queijo Artesanal (CRQA) montou, no evento, uma exposição imersiva para expor as histórias, o modo de vida e a produção dos queijos artesanais no estado, além de levar ao Marrocos a chef Bruna Martins, que preparou degustações de iguarias representativas da culinária de Minas Gerais.
Crédito (fotos): Divulgação / Secult
Comentários