Metade dos empreendedores negros compreende a importância da identidade cultural em seus negócios
Pesquisa do Sebrae Minas revela perfil, motivações e desafios de empreendedores negros do estado
Na semana em que é celebrado o Dia da Consciência Negra (20/11), uma pesquisa do Sebrae Minas revela que metade dos empreendedores negros de Minas Gerais compreende a importância da identidade cultural em seus negócios. Segundo a pesquisa, 22% dos entrevistados consideram que a identidade cultural é fundamental e define a essência do negócio, e 28% a consideram importante. O estudo foi realizado em outubro de 2024 e ouviu 739 empreendedores do estado, entre negros (pretos e pardos) e brancos.
A pesquisa revelou, ainda, que 23% dos empreendedores negros afirmam que seus negócios se enquadram no conceito de afroempreendedorismo, com foco em promover a valorização cultural e reforçar a identidade afro-brasileira, contribuindo para o empoderamento da comunidade negra. Entre as principais motivações para abrir o negócio, foram citadas a realização pessoal ou a paixão pelo que fazem, por 39% dos entrevistados, seguida por 28% que apontaram a identificação de uma oportunidade de mercado, e 20% que citaram a necessidade de renda.
“O Sebrae acredita que apoiar o empreendedorismo negro é fundamental para superar desigualdades e impulsionar a economia do estado e do país. Temos atuado em diversas iniciativas para ampliar as oportunidades, reduzir as barreiras e apoiar os empreendedores negros para que consigam prosperar em seus negócios”, ressalta o presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae Minas, Marcelo de Souza e Silva.
Perfil e desafios dos empreendedores negros
O estudo revelou que 33% dos entrevistados começaram a empreender após os 35 anos, seguido por 30% que iniciaram as atividades entre 26 e 35 anos, e 21% que começaram entre 19 e 25 anos. Quando perguntados sobre as principais fontes de apoio para abrir o negócio, 68% mencionaram a família, 38% citaram os amigos e 28% citaram o Sebrae.
Quase metade dos empreendedores negros (47%) disseram que os seus negócios estão localizados em bairros residenciais, e outros 31% responderam que estão em regiões centrais ou comerciais da cidade. Além disso, 11% atuam de maneira online, sem localização fixa, enquanto 5% operam como ambulantes e 4% estão em áreas rurais. Apenas 1% tem seus negócios em comunidades ou favelas.
A pesquisa também mostrou que a maior dificuldade enfrentada pelos empreendedores negros é o acesso a crédito, citada por 48% dos entrevistados. Segundo os dados, 42% já buscaram algum empréstimo ou financiamento bancário para suas empresas. Dentre eles, apenas 10% obtiveram o montante de recursos solicitados; 15% conseguiram o empréstimo, porém em valor menor que o solicitado e a maior parcela (17%), não conseguiu financiamento.
Outras dificuldades citadas pelos respondentes são a falta de mão de obra qualificada (40%), a alta concorrência (32%), dificuldades de gestão financeira (30%) e a falta de infraestrutura adequada para o trabalho (26%).
Um dado positivo revelado pela pesquisa é que 71% dos empreendedores negros pretendem expandir o negócio nos próximos cinco anos. Outros 12% planejam manter o negócio como está, 9% não têm expectativas claras para o futuro, e apenas 8% pretendem mudar o ramo de atuação ou deixar de empreender. “Esse resultado nos mostra que, mesmo com todos os desafios da jornada empreendedora, a maioria dos empreendedores negros tem uma visão otimista para o futuro, o que revela boas expectativas e desejo de crescimento”, comenta Marcelo.
Vale destacar também que 52% dos respondentes negros afirmaram que, sempre que possível, participam de cursos, eventos ou ações de capacitação para aprimorar suas habilidades empreendedoras e a gestão do negócio. Outros 23% participam de forma esporádica, enquanto 22% gostariam de participar, mas ainda não o fizeram.
O estudo mostra ainda que 72% dos empreendedores negros afirmam nunca terem sofrido discriminação racial por parte de clientes, fornecedores ou instituições financeiras. No entanto, 3% relataram ter sofrido discriminação frequentemente e 10% algumas vezes.
Empreendedorismo negro no Brasil
Nos últimos 10 anos (2013-2023), o número de empreendedores negros no Brasil cresceu 22%, superando a performance dos donos de pequenos negócios brancos, que registraram uma alta de 18%. Segundo estudo realizado pelo Sebrae com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADc), em 2013 existiam 12,8 milhões de pessoas negras donas de negócios e 11,7 milhões de pessoas brancas, saltando, em 2023, para 15,6 milhões e 13,8 milhões, respectivamente. Esse aumento permitiu que, nesse período analisado, a diferença entre pessoas empreendedoras pretas e pardas, em relação às brancas, ampliasse de 1,1 milhão para 1,8 milhão.
De acordo com a pesquisa, ao longo dos anos, os negros donos de negócios estão mais escolarizados, aumentando a renda e melhorando as condições de trabalho, saindo da informalidade e contribuindo em maior número com a Previdência. Mas ainda há uma grande lacuna em relação aos empreendedores brancos. A proporção de empresários com CNPJ, por exemplo, é 18,6 pontos percentuais maior entre os empreendedores brancos, em relação aos pretos e pardos.
A pesquisa “Empreendedorismo negro no Brasil sob a ótica da PNAD Contínua”, realizada pelo Sebrae, utilizou dados da PNADc desde 2012 (quando foi realizado o primeiro trabalho), até o último trimestre de 2023. O enfoque em empreendedorismo negro é feito através do conceito de donos de negócio como trabalho principal, ou seja, aqueles à frente de um empreendimento (com ou sem CNPJ) e que possuem ao menos um empregado, ou que trabalhem por conta própria, à frente de um empreendimento (com ou sem CNPJ), sozinhos ou com sócio, e que não possuem empregados.
Assessoria de Imprensa Sebrae Minas
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