Incêndio destrói parte da Igreja de São Sebastião de Pouso Alegre
A notícia que chegou através das redes sociais, na tarde de segunda-feira (5), foi que incendiaram a Igreja de São Sebastião de Pouso Alegre, deixando famílias e os amigos da cultura em luto. Há mais de 20 anos, a Associação dos Amigos da Cultura luta para recuperar a Igrejinha de São Sebastião do Pouso Alegre, como é conhecida pela comunidade. A estrada que conduz à comunidade de Pouso Alegre, no sentido Brasília (DF), tem oito quilômetros de caminhos vicinais, ladeados por extensas lavouras. O incêndio, criminoso ou não, representa uma grande perda para a cultura e história de Paracatu!
Depoimento da presidente da Associação dos Amigos da Cultura de Paracatu- Graça Jales
“Esta igreja representa uma das poucas edificações do século XIX de igrejas que estavam no ponto estratégico para atender 5 comunidades rurais. Foi o sonho de um fazendeiro, no século XIX, que fez uma doação de terras para o santo São Sebastião, de devoção dele com certeza. Um sonho que vem desde 1860, ela se segurando naquelas madeiras tão fortes, uma estrutura feita para atravessar os séculos e de repente uma pessoa sem caráter, sem noção do significado para um povo, para todos nós que estamos desde 1996 tentando restaurá-la, montando projetos, correndo atrás desse sonho de vê-la cumprir a sua função não só de igreja, mas como um local de encontros das comunidades. De repente o fogo vai distribuindo pelas madeiras centenárias, madeiras que carregam histórias, um altar maravilhoso com pinturas que com certeza Manoel Pereira Maia quem assinou (o Santo que estava no andor se parece muito com a pintura dele dos anjos do Altar, um painel de Nossa Senhora do Rosário que está exposto na Casa de Cultura). Tudo isso é história de um povo que atravessou séculos, né? Sem palavras. Uma tragédia, uma tristeza inexplicável, não sei o que te dizer, o quão estamos tristes, nós da Associação Amigos da Cultura que nos unimos em 1996 para proteger esta Igreja e restaurá-la e dar a ela a realmente a visibilidade e a utilização necessária, porque ela é uma edificação do século 19, uma das poucas igrejas rurais que estão ainda de pé em Minas Gerais. Ela estava se segurando para terminar a restauração e nós tínhamos a palavra do Prefeito Igor Santos com sua sensibilidade. Estive com o prefeito na Igreja pouso Alegre, para gravar durante a sua campanha, e ele disse “Graça nós vamos restaurá-la e vamos devolver às comunidades rurais e à cidade de Paracatu, esta igrejinha preciosa.” Ela é uma igreja construída nos moldes de uma catedral, ela tem púlpito, ela tem coro, ela tinha altar mor, o arco do cruzeiro, a nave, a capela, o consistório, a sacristia, tinha tudo. E de repente o fogo, alguém criminosamente, eu acredito que só pode ser, porque lá não tem energia elétrica, então não tem a desculpa de ter um curto, não é? Tem que ser apurada qual foi a causa e Deus abençoe que encontre a pessoa que fez esta maldade contra a história, contra o patrimônio e contra esse amor que a gente tem por este lugar e por esta igreja.”
Prefeito Igor Santos faz depoimento nas redes sociais
O prefeito fala sobre o incêndio e disse que vai tomar todas as providências e que não vai deixar o patrimônio de Paracatu acabar e que vai faze a restauração da Igreja.
Texto abaixo postado no Jornal Estado de Minas em 26/02/2016
Histórico do município: Em 1744, os bandeirantes Felisberto Caldeira Brant e José Rodrigues Frois comunicaram à coroa o descobrimento das minas do vale do Paracatu.
Existem indícios de que o arraial já havia sido fundado muitos anos antes, pois a essa época já se tem conhecimento da existência de casas de morada e igrejas no local. Após essa descoberta, não surgiu no cenário das Gerais nenhuma nova região aurífera de importância. Portanto, “A última grande descoberta aurífera das Minas Gerais ocorreu no Vale do Rio Paracatu no início do século XVIII”.
A conquista da região vinha sendo estruturada há muitos anos. Em 1722, quando Tomás do Lago Medeiros recebeu a patente de Coronel de Paracatu, o direito de guardamoria e o privilégio de distribuição das datas de terras desta região, o ouro não havia sido descoberto, mas a região já era conhecida e havia a expectativa da descoberta de metais preciosos por ali. Em documento datado de 1722, era exigido dele como contrapartida pelos privilégios recebidos, zelar pela boa composição do povoamento a ser estabelecido nestas paragens […].
Descoberto o ouro, a atração exercida pela abundância com que este fluía de seus veios d’água contribuiu para o rápido crescimento do Arraial de São Luiz e Sant’Anna das Minas do Paracatu. Após período de grande crescimento, o arraial foi elevado a vila com o nome de Paracatu do Príncipe, em 1798, por um alvará de D. Maria (a louca).
A efêmera riqueza logo se dissipou e o declínio produtivo do ouro aluvial provocou a decadência econômica da vila. Dos tempos de glória, a cidade conservou duas igrejas construídas no século XVIII – tombadas pelo patrimônio histórico – que abrigam uma grande coleção de imagens sacras dos séculos XVIII e XIX.
A cidade retomou seu crescimento com base na agropecuária e viveu uma efervescência cultural no século XIX, da qual ainda hoje se orgulha. Desta época ainda existe um conjunto arquitetônico com características particulares e um interesse por todos os tipos de manifestações artísticas e culturais.
Em meados do século XX, com a construção de Brasília, a região tomou novo impulso e Paracatu beneficiou-se da sua situação às margens da BR 040. A transferência da capital federal para o interior do país já havia sido sugerida durante o período monárquico por José Bonifácio de Andrada, que apontou como ideal a localização da comarca de Paracatu. A modernidade chegou trazendo inúmeras transformações, que vão desde um incremento da economia até uma mudança de mentalidade que inclui novos valores, nova arquitetura e novo estilo de vida.
Fonte: Prefeitura Municipal.
A pergunta que não quer calar, para quê?
O Corpo de Bombeiros de Paracatu atuaram na força-tarefa de combate ao incêndio e ajudaram na preservação da estrutura da igrejinha.
Comentários