Empresas formadas apenas por sócios e proprietários eram maioria e pagavam menores salários em 2022

 Empresas formadas apenas por sócios e proprietários eram maioria e pagavam menores salários em 2022
Vinícius Britto | Arte: Claudia Ferreira

Destaques
  • Em 2022, havia 9,4 milhões de empresas e outras organizações formais ativas no país, que ocuparam 63,0 milhões de pessoas em 31 de dezembro de 2022.
  • Desse total de empresas, 6,6 milhões eram sem pessoal assalariado (69,6%) e 2,9 milhões com pessoas assalariadas (30,4%).
  • As empresas sem pessoas assalariadas ocupavam 8,4 milhões de pessoas (13,5%), todos sócios e proprietários, o que corresponde a 67,4% desse grupo.
  • As empresas com assalariados em 31 de dezembro de 2022 empregavam 54,3 milhões de pessoas (86,5%), sendo 50,2 milhões assalariados e 4,1 milhões sócios e proprietários.
  • As empresas com pessoal assalariado em 31 de dezembro pagaram 99,6% (R$2,28 trilhões) do total de R$ 2,3 trilhões pagos em salários e outras remunerações. As sem pessoal ocupado em 31 de dezembro, mas que podem ter contratado durante o ano, ficaram com R$ 8,6 bilhões em salários pagos, 0,4% do total.
  • Além disso, a média salarial foi de R$ 3.542,19, sendo que as empresas com pessoal assalariado em 31 de dezembro apresentaram maior salário médio em relação àquelas sem pessoal na mesma data.
  • Por porte, analisando o grupo daquelas com algum assalariado em 31.12, observa-se um forte predomínio das empresas com 1 até 9 pessoas ocupadas (76,8%). Por outro lado, as com 250 pessoas ou mais, que compreendiam 0,8% das entidades, eram responsáveis por 50,1% do pessoal total, 54,1% do pessoal assalariado e 69,3% dos salários pagos.
  • O setor de Comércio; reparação de veículos automotores e motocicletas registrou os maiores índices em número de empresas (29,1%), pessoal ocupado total (21,0%) e pessoal ocupado assalariado (19,0%), enquanto em salários, ficou na terceira colocação (13,0%).
  • Observa-se que o pessoal ocupado assalariado era composto por 54,7% de homens e 45,3% de mulheres. Enquanto eles receberam R$ 3.791,58 de salário médio mensal, elas receberam R$ 3.241,18, ou seja, homens receberam um salário médio 17,0% maior.
  • As maiores participações de homens foram em Construção (87,6%), Indústrias extrativas (84,2%) e Transporte (81,7%), enquanto as maiores participações de mulheres foram observadas em Saúde humana e serviços sociais (74,8%), Educação (67,3%) e Alojamento e alimentação (57,2%).
  • Em análise por escolaridade, 76,6% do pessoal ocupado assalariado não tinha nível superior e 23,4%, tinha. O pessoal ocupado assalariado sem nível superior recebeu R$ 2.441,16 e o com ensino superior, R$ 7.094,17, aproximadamente três vezes mais.
  • Apenas duas atividades apresentaram maior participação de pessoas com nível superior: Educação (64,3%) e Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (60,6%). Administração pública, defesa e seguridade social (47,4%) completa o ranking dos três setores que mais ocupam pessoas com nível superior.
  • Os setores que mais ocupam pessoas sem nível superior são Alojamento e alimentação (96,1%), Agricultura, pecuária, produção florestal e aquicultura (94,1%) e Construção (92,6%).
  • As empresas e outras organizações contavam com 10,6 milhões de unidades locais, das quais 7,4 milhões não tinham assalariados em 31 de dezembro daquele ano.
  • A Região Sudeste foi responsável por 51,6% (5,5 milhões) das unidades locais do país, sendo 3,9 milhão sem empregados.
  • A Região Sudeste também concentrou o maior quantitativo de pessoal ocupado total, 31,1 milhões (49,5%) e assalariado, 24,5 milhões (48,9%), e pagou a maior massa de salários e outras remunerações, 1,2 trilhão (52,8%).
  • Em termos de salário médio mensal, aqueles mais altos foram observados na Região Centro-Oeste, 3,3 salários mínimos, seguida pela Região Sudeste (3,2), Sul (2,8), Norte (2,7) e Nordeste (2,3).
  • Segundo as unidades da federação, o Distrito Federal apresentou o maior salário médio mensal (4,9 salários mínimos), seguido por Amapá (3,5), São Paulo (3,4) e Rio de Janeiro (3,3). Os menores salários foram observados na Paraíba e Alagoas (2,2, cada).
  • Devido a mudanças metodológicas relacionadas às fontes de informações, a divulgação de 2022 do CEMPRE apresenta uma quebra na série histórica iniciada em 2007 e encerrada em 2021. Ou seja, os resultados de 2022 não são comparáveis aos anos anteriores.

Empresas sem pessoas assalariadas representavam 69,6% do total das empresas formais ativas em 2022 – Foto: Gilson Abreu/AEN
Em 2022, as empresas sem pessoas assalariadas, ou seja, formadas apenas por sócios e proprietários em 31 de dezembro, representavam 69,6% (6,6 milhões) do total de 9,4 milhões de empresas e outras organizações formais ativas. Ao final daquele ano, elas empregavam 13,5% do total de 63,0 milhões de pessoas ocupadas. Ademais, pagaram ao longo do ano R$ 8,6 bilhões em salários, 0,4% do total de R$ 2,3 trilhões, registrando um salário médio mensal de R$ 2.454,36, ou 2,0 salários mínimos.
Por outro lado, havia 2,9 milhões de empresas e outras organizações com pessoas assalariadas, 30,4% do total. Essas empresas, em 31 de dezembro, empregavam 86,5% do pessoal ocupado total e 32,6% dos sócios e proprietários. Além disso, pagaram 99,6% dos salários e atingiram um salário médio de R$ 3.548,12, ou 2,9 salários mínimos.
Essas informações estão nas Estatísticas do Cadastro Central de Empresas (CEMPRE) referentes ao ano de 2022, divulgadas hoje (20) pelo IBGE. O CEMPRE reúne dados de empresas e outras organizações (com natureza jurídica de administração pública e entidades sem fins lucrativos) formalmente constituídas no país. Nesta edição, devido a mudanças metodológicas relacionadas às fontes de informações, houve uma quebra de série na pesquisa, de modo que os resultados não são comparáveis aos anos anteriores.
Setor de eletricidade e gás pagava os maiores salários médios
O salário médio mensal, em 2022, foi R$ 3.542,19. Entre as atividades econômicas, os maiores valores foram pagos pelo setor de Eletricidade e gás (R$ 8.312,01), seguido por Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (R$ 8.039,19) e Organismos internacionais e outras instituições extraterritoriais (R$ 6.851,77).
“Apesar de tais atividades pagarem salários médios mensais mais elevados, ocuparam, juntas, 1,3 milhão de pessoas, ou seja, somente 2,6% do pessoal ocupado assalariado”, destaca o analista da pesquisa, Eliseu Oliveira.
Os menores salários médios mensais foram pagos por Alojamento e alimentação (R$ 1.769,54), Atividades administrativas e serviços complementares (R$ 2.108,28) e Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (R$ 2.389,15).
“Essas atividades que pagaram salários médios mensais menores, absorveram juntas cerca de 7,6 milhões de pessoas, ou seja, 15,2% do pessoal ocupado assalariado”, pontua.
Seções da CNAE
Salário médio mensal (R$)
Pessoal ocupado em 31.12 (%)
A – Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aqüicultura
2.389,15
1,8
B – Indústrias extrativas
6.397,66
0,4
C – Indústrias de transformação
3.611,88
14,0
D – Eletricidade e gás
8.312,01
0,3
E – Água, esgoto, atividades de gestão de resíduos e descontaminação
3.783,31
0,8
F – Construção
2.842,58
4,7
G – Comércio; reparação de veículos automotores e motocicletas
2.437,48
21,0
H – Transporte, armazenagem e correio
3.339,91
4,7
I – Alojamento e alimentação
1.769,54
4,0
J – Informação e comunicação
6.266,42
2,6
K – Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados
8.039,19
2,6
L – Atividades imobiliárias
2.918,91
1,1
M – Atividades profissionais, científicas e técnicas
3.995,28
3,9
N – Atividades administrativas e serviços complementares
2.108,28
9,7
O – Administração pública, defesa e seguridade social
5.080,94
12,5
P – Educação
4.229,79
6,1
Q – Saúde humana e serviços sociais
3.252,54
6,8
R – Artes, cultura, esporte e recreação
2.729,67
0,8
S – Outras atividades de serviços
2.426,97
2,3
U – Organismos internacionais e outras instituições extraterritoriais
6.851,77
0,0
Total Geral
3.542,19
100,0
Entre as atividades econômicas, o setor de Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas registrou as maiores participações em três das quatro variáveis analisadas: número de empresas e outras organizações (29,1%), pessoal ocupado total (21,0%) e pessoal ocupado assalariado (19,0%), enquanto, em salários e outras remunerações, ficou na terceira colocação (13,0%).
Já Indústrias de transformação ocuparam a segunda colocação em pessoal ocupado total (14,0%), salários e outras remunerações (16,4%) e pessoal assalariado (15,8%).
“Administração pública, defesa e seguridade social ocupou a terceira colocação em pessoal assalariado, com 15,7%, e foi a primeira em salários e outras remunerações, com 23,3%. É possível observar que essa atividade tem um quantitativo pequeno de empresas e outras organizações, com apenas 0,5%, mas paga o maior quantitativo de massa salarial”, relata o analista do IBGE.
Atividades administrativas e serviços complementares ficou na segunda posição em número de empresas (9,8%) e na quarta posição em pessoal ocupado total (9,7%) e pessoal ocupado assalariado (10,4%).
Em 2022, salário médio dos homens era 17,0% maior do que o das mulheres
No recorte por sexo, observa-se que o pessoal ocupado assalariado nas empresas era composto por 54,7% de homens e 45,3% de mulheres. Em termos salariais, enquanto eles receberam R$ 3.791,58 de salário médio mensal, elas receberam R$ 3.241,18, ou seja, os homens receberam um salário 17,0% maior.
“Sob outra perspectiva, ainda destacando essa diferença observada nos salários quando se analisa o sexo, é possível dizer que as mulheres receberam, em média, o equivalente a 85,5% do salário médio mensal dos homens”, diz Eliseu.
Já em termos de ocupação por setores, os homens tiveram as maiores participações em Construção (87,6%), Indústrias extrativas (84,2%) e Transporte, armazenagem e correios (81,7%), enquanto as mulheres foram maioria nas ocupações de Saúde humana e serviços sociais (74,8%), Educação (67,3%) e Alojamento e alimentação (57,2%).
Média salarial das pessoas com nível superior é quase três vezes maior quando comparada com as sem nível superior
Em análise por escolaridade, verificou-se que 76,6% do pessoal ocupado assalariado não tinha nível superior e 23,4%, tinha. O pessoal ocupado assalariado sem nível superior recebeu, em média, R$ 2.441,16 e o com ensino superior, R$ 7.094,17, aproximadamente três vezes mais.
“Sob outra ótica, é possível avaliar que o pessoal ocupado assalariado sem nível superior recebeu, em média, 2,0 salários mínimos, ao passo que o pessoal com nível superior, 5,9 salários mínimos”, complementa o pesquisador.
Apenas duas atividades apresentaram maior participação de pessoas com nível superior: Educação (64,3%) e Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (60,6%), Administração pública, defesa e seguridade social (47,4%) completa o ranking dos três setores que mais ocupam pessoas com essa escolaridade.
Já para os ocupados sem nível superior, os setores que mais ocupam são Alojamento e alimentação (96,1%), Agricultura, pecuária, produção florestal e aquicultura (94,1%) e Construção (92,6%).
Três a cada quatro empresas com empregados em 31 de dezembro contratavam até 9 pessoas assalariadas
Em 2022 do total de empresas e outras organizações com empregados em 31 de dezembro, 76,8% tinham de 1 a 9 pessoas assalariadas; 19,8%, 10 a 49 pessoas; 2,6%, 50 a 249 pessoas; e 0,8%, 250 pessoas ou mais.
“Apesar do predomínio daquelas de menor porte na estrutura empresarial brasileira, as empresas e outras organizações com 250 pessoas ou mais obtiveram as maiores participações nas variáveis econômicas analisadas, com 50,1% do pessoal ocupado total, 54,1% do pessoal ocupado assalariado e 69,3% dos salários e outras remunerações”, pontua o analista.
Os salários médios mensais mais elevados foram pagos pelas empresas e outras organizações com 250 pessoas ou mais, R$ 4.528,67, que é 152,6% maior que o salário recebido por aquelas com 1 a 9 pessoas ocupadas, R$ 1.793,08. Considerando o valor médio (R$ 3.548,12), apenas as empresas e outras organizações com 250 pessoas ou mais pagaram salários acima desse patamar.
“Esses dados evidenciam que existe uma relação positiva entre faixa de pessoal ocupado assalariado e salário médio mensal, ou seja, quanto maior o porte da empresa, maior é o salário médio que ela paga”, destaca Eliseu.
Mais da metade das unidades locais do Brasil estavam localizadas na Região Sudeste
Em termos regionais, as 9,4 milhões de empresas e outras organizações ativas no país possuíam 10,6 milhões de unidades locais, das quais 7,4 milhões não tinham assalariados em 31 de dezembro de 2022. A Região Sudeste foi responsável por 5,5 milhões das unidades locais do país, sendo 3,9 milhão sem empregados.
Já a Região Sul apresentou o segundo maior quantitativo de unidades locais, 2,1 milhões, o que representou 19,7% do total, sendo 1,4 milhão sem assalariados, seguida pelas regiões Nordeste (1,7 milhão: 1,1 milhão sem assalariados), Centro Oeste (897,3 mil: 591,4 mil sem assalariados), e Norte (495,8 mil: 341,5 mil sem assalariados).
A Região Sudeste também concentrou o maior quantitativo de pessoal ocupado total, 31,1 milhões (49,5%) e assalariado, 24,5 milhões (48,9%), e pagou a maior massa de salários e outras remunerações, 1,2 trilhão (52,8%). A Região Sul apresenta 18,1% do pessoal ocupado total (11,4 milhões), 17,5% do pessoal assalariado (8,8 milhões) e pagou 16,9% dos salários e outras remunerações (386,9 bilhões).
Já a Região Nordeste concentrou 17,9% do pessoal ocupado total (11,2 milhões), 18,7% dos assalariados (9,4 milhões) e 14,8% dos salários e outras remunerações (339,3 bilhões). Por fim, as regiões Centro-oeste e Norte apresentam as menores distribuições nas três variáveis: 8,7% e 5,7% do pessoal total, 8,8% e 6,1% do pessoal assalariado e 9,9% e 5,6% da massa salarial, respectivamente.
Em termos de salário médio mensal, aqueles mais altos foram observados na Região Centro-Oeste, 3,3 salários mínimos, seguida pela Região Sudeste (3,2), Sul (2,8), Norte (2,7) e Nordeste (2,3).
Segundo as unidades da federação, o Distrito Federal apresentou o maior salário médio mensal (4,9 salários mínimos), seguido por Amapá (3,5), São Paulo (3,4) e Rio de Janeiro (3,3). Os menores salários foram observados na Paraíba e Alagoas (2,2, cada).
Divulgação de 2022 do CEMPRE apresenta uma quebra na série histórica iniciada em 2007
O Cadastro Central de Empresas, historicamente, utiliza como fonte de informação, além das pesquisas estruturais do IBGE e do Cadastro Nacional de Pessoal Jurídica (CNPJ), os registros administrativos provenientes da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) e do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED).
A partir do ano base de 2019, o CEMPRE passou a incorporar os registros administrativos do Sistema de Escrituração Digital das Obrigações Fiscais, Previdenciárias e Trabalhistas (eSocial), que vem substituindo gradativamente a RAIS e o CAGED, segundo o cronograma de implantação estabelecido pelo então Ministério da Economia.
“Devido ao processo de transição para o eSocial, que ainda não está concluído, e de recentes alterações metodológicas, foi necessária a quebra de série. Cabe destacar como principais impactos, em 2022, o aumento expressivo do número de estabelecimentos, o aumento no número de pessoas assalariadas e a variação no quantitativo de sócios e proprietários que não podem ser explicados apenas pela própria dinâmica econômica”, pontua o analista.
Para maiores informações, consultar os tópicos Informações sobre a quebra de série e Critérios para incorporação de fontes de dados na seção de Notas técnicas da publicação.
Mais sobre a pesquisa
As Estatísticas do Cadastro Central de Empresas (CEMPRE) reúnem informações cadastrais e econômicas das empresas e outras organizações presentes no território nacional, inscritas no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ), da Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil, e de suas respectivas unidades locais. Na publicação constam informações como número total de empresas e outras organizações; pessoal ocupado total; pessoal ocupado assalariado; salários e outras remunerações e salário médio mensal. As informações são apresentadas segundo a atividade econômica, de acordo com a Classificação Nacional de Atividades Econômicas – CNAE 2.0; a natureza jurídica; o porte, por faixas de pessoal ocupado assalariado; e a distribuição geográfica; destacando-se a participação do pessoal ocupado assalariado por sexo e nível de escolaridade, com recorte de dados até o nível territorial de municípios. A publicação completa das Estatísticas do CEMPRE e as tabelas poder ser acessadas pelo portal do IBGE disponíveis e pelo Sidra.

Para mais informações sobre esse assunto acesse a página do IBGE na Internet – www.ibge.gov.br ou diretamente na Agência de Notícias IBGE – http://agenciadenoticias.ibge.gov.br/

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