Desfile cívico reúne milhares de pessoas em dia de festa para famílias paracatuenses
Um desfile está imerso de significados, referências, arte e cultura. No desfile cívico não é diferente, já tradicional na cidade de Paracatu, ele acontece todos os anos no mesmo dia do aniversário da cidade, 20 de outubro. Escolas e instituições participam do desfile inspirando a população com mensagens que falam de história e conscientização.
Neste domingo, na Avenida Olegário Maciel, numa manhã quente, diversos paracatuenses que esperaram por esse momento estavam presentes para assistir ao Desfile Cívico-Militar em homenagem ao aniversário de Paracatu. Com várias entidades participantes, entre escolas, associação de moradores, corporações militares, Rotary, federações, além de bandas e fanfarras, o evento foi um sucesso e encantou quem acordou cedo para ver as alas passarem.
Tema – “Paracatu 221 anos – valorizando suas raízes”
O desfile desse ano trouxe a tona um tema importante a ser falado, sobre como e por quem a cidade de Paracatu foi construída. A história por traz das pessoas que foram escravizadas e trazidas ao Brasil, para consolidação de uma colonização, foi levantada pelo desfile com muita beleza, ao mostrar a riqueza cultural dos negros e negras do continente africano.
O retrato buscado foi para conhecer não somente a história desses 221 anos, mas aquela que se desenrolou e que tornou possível pouco mais de dois séculos. Ao atravessar o atlântico em direção ao continente africano, o desfile mostrou, de maneira artística, como eram as regiões governadas por príncipes e princesas, de onde vieram muitos daqueles que ajudaram a formar o povo paracatuense. Do Senegal a Angola, países onde, anteriormente, viviam muitos dos ascendentes da população brasileira e também de Paracatu. Cabo verde, Senegal, Gâmbia, Guiné-Bissau, Serra Leoa, Costa do Marfim, Gana, togo, Benim, Nigéria, Congo e Angola, foram os países apresentados.
As alas do desfile passaram a mensagem da importância de se ter conhecimento de toda força, sabedoria e beleza contida na experiência daqueles que de maneira brutal vieram embarcados para o Brasil. Em cada ala pode-se refazer a imagem dos ancestrais e descendentes negros para além da imagem de pessoas que um dia foram escravizadas. O desfile trouxe a tona imagens que foram ocultadas por diversas formas de opressão.
Da cultura das populações negras vividas na África às criações artísticas, científicas e musicais realizadas por pessoas negras na contemporaneidade. O desfile cívico foi um ato de valorização e reconhecimento da cultura afro-brasileira, e, ainda, de valorização da população negra paracatuense, que com sua cultura ancestral manteve alicerces para reprodução de um saber imensurável.
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