Com tema Afromineiridades, festival gratuito terá foco na culinária e valorização dos Congados e Reinados
Evento no Palácio da Liberdade, na sexta-feira e sábado (2 e 3/8), conta com bate-papo, cortejo, cozinha viva, oficina e apresentações culturais
As raízes afromineiras da cultura alimentar do estado será celebrada de forma espacial, sexta-feira e sábado (2 e 3/8), em Belo Horizonte, no primeiro festival Cozinha das Afromineiridades: Congados e Reinados.
A iniciativa do Governo de Minas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult) e do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha), objetiva valorizar e resgatar a importância do tema.
O patrocínio é da Cemig e da Gasmig, via Lei Estadual de Incentivo à Cultura.
A programação gratuita do festival Cozinha das Afromineiridades será sediada no Palácio da Liberdade, onde representantes dessas expressões de todas as regiões do estado participarão de diversas ações, como bate-papo, cortejo, cozinha viva, oficina e apresentações culturais.
Editais
Nesta terça-feira (30/7), Secult e Iepha também anunciaram dois editais, no valor total de R$ 4 milhões, voltados para as culturas tradicionais e populares de Minas Gerais, por meio do Descentra Cultura – Fundo Estadual de Cultura.
Um deles, o Prêmio Rainha Conga, é exclusivo para participação de mulheres e destinará 65 prêmios de R$ 20 mil, totalizando R$ 1,3 milhão.
Outro edital é o Prêmio Afromineiridades – neste caso, serão 65 prêmios de R$ 40 mil, totalizando R$ 2,6 milhões.
“O Prêmio Afromineiridaddes é voltado para todos os detentores do patrimônio imaterial, dos modos de fazer, de saber, ofícios e celebrações, e o edital Rainha Conga, voltado apenas para as detentoras da cultura e das artes do nosso estado, explica a subsecretária de Cultura de Minas Gerais, Nathalia Larsen.
Ela celebra o anúncio. “Estamos trazendo algo muito importante que é o reconhecimento tanto das mulheres quanto da expressão cultural”.
Patrimônio
Abre o sábado (3/8) reunião do Conselho Estadual do Patrimônio Cultural (Conep), que receberá dossiê organizado pelo Iepha sobre Congados e Reinados de Minas Gerais. Após a apresentação do documento integrantes do conselho, que estarão reunidos no Palácio da Liberdade, deliberarão sobre o reconhecimento dessas expressões como Patrimônio Cultural do estado.
Parte da reunião do Conep será transmitida pelo canal oficial do Iepha no YouTube.
Os ternos e guardas de Congado e Reinados vão acompanhar a transmissão no Palácio das Artes.
Veja a programação aqui.
Registro
Desde 2021, o Iepha vem trabalhando na catalogação e pesquisa sobre as expressões culturais Congado e Reinado, a fim de produzir o dossiê.
O documento ressalta a importância histórica, social e cultural dos Congados e Reinados para o estado, e define ações de salvaguarda para a proteção dessas tradições.
“O Iepha recebeu mais de 900 cadastros de guardas ou ternos de Reinados e Congados de todas regiões de Minas Gerais, mas o número de grupos é maior, visto que muitos cadastros foram realizados descrevendo mais de um grupo”, explica o diretor de Proteção e Memória do Iepha, Adriano Maximiano da Silva.
Ele destaca ainda que o registro como Patrimônio Cultural vai garantir que essa cultura se mantenha viva por meio de ações, baseadas em demandas dos próprios detentores culturais e ancoradas em quatro eixos da salvaguarda: transmissão da tradição e valorização; gestão participativa e sustentabilidade; apoio e fomento; promoção e difusão”.
Rainha Belinha, rainha Conga de Minas Gerais e rainha das Guardas de Moçambique e Congo 13 de Maio, no bairro Concórdia, em Belo Horizonte, fala da importância do reconhecimento de sua cultura: “Tudo isso nos faz muito felizes. Estamos colhendo os frutos que os nossos tatas plantaram. Minha vó foi raiz, minha mãe foi tronco e eu sou fruto, e fruto semeia. É um reconhecimento maravilhoso pelo que nossos tatas fizeram na construção de Belo Horizonte e de Minas Gerais”.
Após a votação, grupo estimado em 1,5 mil congadeiros de mais de 30 ternos de Congados e Reinados com origem em todas as regiões do estado, cada um com seus cantos, tambores e indumentárias que expressam semelhanças e singularidades, seguirão em cortejo em direção ao Palácio da Liberdade, onde continuará a programação do Cozinha das Afromineiridades.
Resgate
Com a chegada do cortejo no Palácio das Artes, será erguida a histórica bandeira de Nossa Senhora do Rosário.
Ao lado, será exibida também a bandeira de ferro fundido de Ouro Preto, que possui mais de 200 anos. Produzida com técnicas africanas, foi encontrada na Capela de Nossa Senhora das Necessidades, em 2020.
Secretário de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais, Leônidas de Oliveira ressalta que preservar as culturas populares e tradicionais do estado de forma ampla, técnica e livre tem sido meta do Governo de Minas por meio do Iepha-MG.
Segundo Oliveira, as Congadas e Reinados de Nossa Senhora do Rosário existem desde os primórdios da formação cultural de Minas Gerais e representam a raiz profunda da nossa existência enquanto estado.
“Elemento de resistência, fé e arte, as festividades, originalmente nascidas a partir dos modos de vida dos povos negros mineiros, possuem ainda profundos valores de coesão social e pertencimento”.
Ele destaca violas, violões, tambores, mastros, cantorias e rezas que marcam a tradição e festejos nas ruas e igrejas. E lembra que a preservação das culturas afromineiras possuem ainda outra vertente: a afirmação da potência dos povos negros na formação cultural e o combate à discriminação e ao racismo.
Presidente do Iepha-MG, João Paulo Martins destaca que os Congados e Reinados existentes em todo o território mineiro são patrimônio que representa o estado no contexto das manifestações populares.
“O povo negro que chegou aqui construindo Minas Gerais nesses 300 anos não estava aqui só erguendo pedras, mas também dotando de cores, de movimento essa mineiridade que nós, hoje, podemos tanto celebrar e da qual nos orgulhamos tanto”.
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