Coletores de flores: Patrimônio Agrícola Mundial
(Por Arnaldo Silva) Março de 2020 marcou o reconhecimento da Organização das Nações Unidas para Alimentação e a Agricultura (FAO) da importância histórica, econômica e sociocultural do sistema agrícola tradicional dos apanhadores de flores sempre-vivas de Minas Gerais como Patrimônio Agrícola Mundial, destacando as comunidades de Macacos, Lavras, Pé de Serra, e as quilombolas Raiz, Mata dos Crioulos e Vargem do Inhaí, nos municípios de Buenópolis, Diamantina e Presidentes Kubistchek, respectivamente, na porção meridional da Serra do Espinhaço. Além de coletarem flores, os povos dessas comunidades exercem outras atividades agrícolas, que ajudam no complemento da renda familiar, como cultivo de roças, criação de gado e atividades agroextrativistas, como frutos e plantas medicinais.
O processo formal para se candidatar ao título de Patrimônio Mundial da FAO começou em 2016 com a seleção dos locais feito Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e a Embrapa, com identificação dos municípios e comunidades rurais da região meridional da Serra do Espinhaço, onde a atividade de apanhadores de flores de sempre-vivas é secular. (fotografia de Elvira Nascimento)
O projeto de candidatura contou ainda com apoio do Governo de Minas, prefeituras das cidades selecionadas e outros parceiros, bem como apoio técnico-científico de pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) e da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Coube ao Ministério das Relações Exteriores, encaminhar os documentos e registro da candidatura à FAO, em novembro de 2019.
Ainda segundo informações de Márcia Bonetti à agência estatal, os apanhadores desenvolveram sistemas agrícolas diversificados em variadas altitudes, que vão de 600 a 1,3 mil m, aprenderam a lidar com a paisagem e com todas as adversidades encontradas ao longo dos séculos. No topo da serra, eles soltam o gado em uma parte do ano, coletam e fazem o manejo das flores sempre-viva. Nas partes mais baixas, realizam o plantio das roças de toco e fazem uso de sementes crioulas, cultivadas ao longo de gerações. (na foto abaixo, de Elvira Nascimento, flores de sempre-vivas)
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