Atrações culturais movimentam programação de aniversário de Paracatu
Na tarde de ontem (18), a sede da Biblioteca Pública Municipal René Lepesqueur abriu suas portas para o “Café com Leitura” em comemoração aos 225 anos de Paracatu.
Com isso, alguns autores, representando toda categoria local, apresentaram suas obras através de leituras de trechos de livros e/ou poemas/contos. Essa aproximação com a comunidade, em especial com autores, favorece o estabelecimento de vínculos entre a comunidade e a biblioteca.
História
A Biblioteca Pública Municipal René Lepesqueur foi criada em 1942, e, ao longo de tantos anos de atuação, pode-se afirmar que para o crescimento cultural de uma comunidade é importante e necessário valorizar, não só os espaços que abrigam conhecimento em forma de livros, mas também os autores com suas obras literárias e os demais artistas.
Como a biblioteca pública é o espaço que tem como objetivo fornecer com equidade a todos os cidadãos o acesso ao conhecimento e à informação por meio de diversos recursos e suportes entende-se que é papel da instituição atentar-se também para os autores locais e suas obras no intuito de divulgar suas publicações e promover interação entre os apreciadores dessa arte.
CAFÉ COM LEITURA
Bela tarde com Café e Leitura, teve como objetivo comemorar os 225 anos do município, através da divulgação e apreciação de publicações e obras de arte de autores locais, e o primeiro a contar um pouco sobre o seu mundo literário, foi o prefeito Igor Santos e o seu primeiro livro lido completo foi O HOBBIT e entre tantos compromissos se mantém fiel à sua fama de leitor, lendo cerca de 12 livros por ano.
Participação de mais 4 autores e personalidades que contribuem de forma significativa com o município, através de suas pesquisas e publicações. Cada participante apresentou um pouco de seu trabalho e leram trechos de alguma publicação de sua autoria.
Dra. Daniela Prado é doutora em Linguística e Língua Portuguesa pela PUC-Minas, graduada em Letras pela Universidade Federal de Uberlândia e Mestre em Linguística pela mesma universidade. Atualmente é professora do Instituto Federal do Triângulo Mineiro das disciplinas de Língua Portuguesa: Redação e Literatura e presidente da Academia de Letras do Noroeste de Minas Gerais.
Eduardo Rocha Coordenador de comunicação interna da prefeitura, ele vai lançar o livro GENTE DE PARACATU – REGISTROS GENEALÓGICOS DAS FAMÍLIAS QUE POVOARAM O VALE DO PARACATU.
Ívina Silva Guimarães é historiadora, formada em licenciatura e bacharelado pela Universidade Federal de Minas Gerais; Mestre em História Social da Cultura pela UFMG, com ênfase em cultura e mitologia da Grécia Antiga; Trabalha atualmente como historiadora da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Paracatu; É membro do corpo técnico da secretaria e do COMPHAP (Conselho Municipal de Patrimônio Histórico, Artístico e Paisagístico de Paracatu); Responsável pelos trabalhos relacionados ao patrimônio cultural do município.
Silvano Avelar, professor, advogado, graduado em Letras e Direito; Pós graduado em Metodologia da Educação;
É Compositor, seresteiro, instrumentista e poeta, sendo autor de várias músicas religiosas, de paródias educativas e marchinhas carnavalescas sobre Paracatu.
Foi vereador e, dentre tantas leis que beneficiam a educação e a cultura, é o autor da Lei que instituiu a Bolsa de Produção Literária.
Eleito por unanimidade e empossado para o quadro de associados da Academia de Letras do Noroeste de Minas.
Lançou recentemente O livro “ Praia do Macaco”, obra em prosa e verso que reproduz aventuras, lembranças e reflexões Sócio – ambientais. Seu poema “Um Negro no altar” também foi premiado pelo Projeto Moradores.
Miguel Francisco do Sêrro graduação em História e Geografia pela Faculdade de Filosofia e Letras de Patrocinio-MG; Bacharel em Direito – Faculdade Atenas – Paracatu-MG. Advogado após se afastar da atividade policial. Amante de esportes, sempre gostou muito de ler e escrever aborda em seus textos assuntos variados.
Um pouco desse escritor brasileiro Rubem Alves
A complicada arte de ver
“Ela entrou, deitou-se no divã e disse: “Acho que estou ficando louca”. Eu fiquei em silêncio aguardando que ela me revelasse os sinais da sua loucura. “Um dos meus prazeres é cozinhar. Vou para a cozinha, corto as cebolas, os tomates, os pimentões – é uma alegria! Entretanto, faz uns dias, eu fui para a cozinha para fazer aquilo que já fizera centenas de vezes: cortar cebolas. Ato banal sem surpresas. Mas, cortada a cebola, eu olhei para ela e tive um susto. Percebi que nunca havia visto uma cebola. Aqueles anéis perfeitamente ajustados, a luz se refletindo neles: tive a impressão de estar vendo a rosácea de um vitral de catedral gótica. De repente, a cebola, de objeto a ser comido, se transformou em obra de arte para ser vista! E o pior é que o mesmo aconteceu quando cortei os tomates, os pimentões… Agora, tudo o que vejo me causa espanto.”
Ela se calou, esperando o meu diagnóstico. Eu me levantei, fui à estante de livros e de lá retirei as “Odes Elementales”, de Pablo Neruda. Procurei a “Ode à Cebola” e lhe disse: “Essa perturbação ocular que a acometeu é comum entre os poetas. Veja o que Neruda disse de uma cebola igual àquela que lhe causou assombro: ‘Rosa de água com escamas de cristal’. Não, você não está louca. Você ganhou olhos de poeta… Os poetas ensinam a ver”.” Rubem Alves
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