AS TROCAS

 
Modo geral as pessoas vão criando dizeres relacionados aos atos e fatos da vida, são ditados, uns com rimas, outros não, alguns bem criativos outros nem tanto e vida que segue.   Hoje num momento de reflexão me lembrei de um dizer que tem certa relação com o fato que vou descrever.   Há um costume de falarmos quando alguém TROCA uma coisa pela outra, e em se comparando, as duas coisas se equivalem e apresentam entre si semelhanças inclusive de valor, dizem que TROCAMOS SEIS POR MEIA DÚZIA, ou seja, uma permuta de dois “tanto faz”.   Das inúmeras coisas que ocorreram nesse quase ano de pandemia, existe uma que ninguém questiona ou duvida, todos fomos obrigados a nos reinventar.   Agentes da Polícia Rodoviária Federal da Delegacia de Paracatu-MG que anualmente se reuniam para confraternizar, optaram por fazerem uma TROCA nesse fim de ano.   Utilizaram os recursos financeiros que gastariam com festejos para promoverem outra festa.   Gastaram o valor adquirindo alimentos para em parceria com a Sociedade de São Vicente de Paulo – SSVP de Paracatu-MG, distribuir para cerca de 50 famílias carentes.   Vi de perto a satisfação de alguns agentes da PRF em fazer essa “festa alternativa”, em momentos de instabilidades geradas pela pandemia, a diferença entre ricos e pobres fica mais evidente.   Estou convicto de que ao se deslocarem aos pontos (periferia) onde os menos favorecidos vivem, alguns dos meus colegas (agentes da PRF) tiveram uma experiência marcante.   A ideia não foi minha, embora tenha participado pouco estou deveras feliz de ter contribuído para a realização desse ato solidário.   Num breve contato com agentes da PRF que juntos a membros da SSVP distribuíram os alimentos, constatei um fato raro e gratificante, pude sentir que efetivamente dessa vez também ocorreu uma VANTAJOSA TROCA, tal foi a satisfação dos PRFs em favorecer famílias mais pobres, afirmo sem medo de errar, TROCAMOS SEIS ao decidirmos não fazer nossa confraternização, mas por UMA DÚZIA INTEIRA (reduzindo as necessidades básicas) dos assistidos da SSVP.   Abrimos mão de um estado de satisfação próprio.   Pela grata satisfação de gerar em outras pessoas, felicidade advinda de pequenos, mas significativos gestos.   Saímos mesmo no lucro.   Uma das minhas colegas relatou:   “Quando você ilumina a vida de alguém acaba iluminando o próprio caminho” ouvi essa frase uma vez e ela fez muito sentido nesse fim de ano. Levar alimento e alegria para famílias carentes foi uma experiência única. Pude ver o brilho nos olhos de uma criança, o interesse de conhecer uma policial, senti a sinceridade de uma mãe e a felicidade de fazer o bem. Uma jovem me disse que seu sonho é ser PRF, pude conversar com ela e apoiá-la. Enfim, mesmo que seja pequena, uma boa ação pode fazer a diferença na vida das pessoas e isso vale muito.   Trocando em miúdos, fiquei duplamente satisfeito, me juntei aos colegas da PRF e fizemos uma boa ação, e também unidos aos demais integrantes da SSVP, canalizamos os recursos adquiridos realizando a atividade fim, ou seja, agimos entregando alimentos aos menos favorecidos.   Finalizo com um pensamento de Álvaro Granha Loregian      “Ninguém é tão pobre que nada possa dar e ninguém é tão rico que não precise receber”.   Uma sugestão, você que me lê, se ainda não tem o costume, habitue-se a partilhar (dividir com os pobres parte do que ganha), quando fizer a primeira vez despertará no seu coração um sentimento indescritível de satisfação, no mínimo aprenderá se sentir feliz em não ser quem está precisando da ajuda, e agradecerá ao Criador por estar no papel de quem pode e deve ajudar.
Feliz ano novo!
Miguel Francisco do Sêrro – Advogado e Historiador

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O Lábaro

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