Ainda sob efeito de problemas climáticos, estimativa de fevereiro aponta safra de 300,7 milhões de toneladas para 2024
Igor Ferreira
O Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), divulgado hoje (12) pelo IBGE, mostra que a safra nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas deve totalizar 300,7 milhões de toneladas em 2024. Trata-se de um valor 4,7% ou 14,7 milhões de toneladas menor do que a safra obtida em 2023 (315,4 milhões de toneladas). Na comparação com janeiro, a estimativa registrou queda de 0,9%, com decréscimo de 2,7 milhões de toneladas.
A área a ser colhida este ano deve ser de 78,0 milhões de hectares, o que representa um crescimento de 0,2% (160,5 mil hectares a mais) em relação à área colhida em 2023. Frente ao mês anterior, a área a ser colhida apresentou uma expansão de 383,1 mil hectares (0,5%).
“Neste início de 2024, seguimos observando os efeitos dos eventos climáticos que aconteceram no ano passado, como o excesso de chuvas na região Sul e a falta delas no Centro-Oeste e no Norte. Além disso, como o volume de produção da soja é muito expressivo no país, a redução de 0,8% na variação mensal teve grande impacto no resultado geral, assim como as quedas nas estimativas de produção de trigo e milho”, destaca o gerente do LSPA, Carlos Barradas.
Os principais destaques negativos de fevereiro da safra 2024 são as estimativas da produção de trigo, milho e soja. O milho, a soja e o arroz representam 92,0% da estimativa da produção e são responsáveis por 86,9% da área colhida. Na comparação com 2023, houve aumentos na produção estimada do algodão herbáceo em caroço (5,6%), do arroz (1,3%), do feijão (8,1%) e do trigo (24,2%). Por outro lado, soja (-1,8%), sorgo (-14,0%) e milho (-10,8%, sendo -9,6% no milho de 1ª safra e -11,2% no milho de 2ª safra) recuaram.
Ainda frente a 2023, mas no que se refere à área a ser colhida, ocorreu crescimento de 8,6% na do algodão herbáceo (em caroço), de 4,4% na do arroz em casca, de 5,5% na do feijão, de 0,3% na do trigo e de 2,1% na da soja. As áreas de milho (-4,7%, sendo -7,7% no milho 1ª safra e -3,8% no milho 2ª safra) e de sorgo (-5,5%) apresentaram quedas. De acordo com Carlos Barradas, o aumento na estimativa da área a ser colhida, acompanhado de redução na produção, indica uma queda de produtividade. “Apesar da expansão da área plantada, a produtividade está caindo devido aos problemas climáticos”, diz ele.
A estimativa da produção de cereais, leguminosas e oleaginosas de fevereiro mostrou variação anual positiva para as regiões Sul (10,3%) e Norte (2,1%). Já no Centro-Oeste (-12,1%), no Sudeste (-8,7%) e no Nordeste (-4,3%) o índice foi negativo. Quanto à variação mensal, apresentaram aumentos o Norte (1,7%) e o Nordeste (1,6%). Sudeste (-3,2%), Sul (-2,0%) e Centro-Oeste (-0,5%) tiveram reduções.
Em relação a janeiro, os principais aumentos nas estimativas de produção ficaram por conta do feijão 2ª safra (6,2% ou 84 759 t), do café canephora (1,4% ou 15 077 t), do feijão 1ª safra (1,4% ou 13 855 t), do feijão 3ª safra (0,8% ou 5 485 t), do cacau (0,7% ou 1 990 t) e do tomate (0,6% ou 26 632 t).
No sentido oposto, houve declínios nas estimativas da produção de cevada (-14,9% ou -72 354 t), do trigo (-6,6% ou -682 744 t), da aveia (-6,2% ou -75 958 t), do milho 1ª safra (-3,0% ou -782 970 t), da batata 1ª safra (-2,0% ou -33 622 t), da uva (-1,2% ou -20 117 t), do fumo (-0,9% ou -5 783 t), da soja (-0,8% ou -1 161 714 t), da batata 2ª safra (-0,7% ou -8 964 t) e do milho 2ª safra (-0,1% ou -53 547 t).
“Vale destacar também a produção de feijão e de arroz. Ambas estão atendendo à demanda do mercado interno, não havendo necessidade de importação dos produtos, o que consequentemente ajuda no combate à inflação no país”, acrescenta Carlos. Considerando-se as três safras, a produção de feijão deve atingir 3,2 milhões de toneladas em 2024, altas de 3,4% em relação a janeiro e de 8,1% frente a 2023.
Com 27,9% de participação, Mato Grosso lidera a produção nacional de grãos
Mato Grosso lidera como o maior produtor nacional de grãos, com participação de 27,9%, seguido por Paraná (13,5%), Rio Grande do Sul (13,4%), Goiás (10,1%), Mato Grosso do Sul (8,9%) e Minas Gerais (5,7%), que, somados, representaram 79,5% do total. Com relação às participações das regiões brasileiras, tem-se a seguinte distribuição: Centro-Oeste (47,1%), Sul (29,3%), Sudeste (9,3%), Nordeste (8,6%) e Norte (5,7%).
As principais variações positivas nas estimativas da produção, em relação ao mês anterior, ocorreram em Rondônia (338 468 t), na Bahia (276 958 t), no Maranhão (137 271 t), no Acre (14 671 t) e no Ceará (924 t). Já as principais variações negativas ocorreram no Paraná (-1 623 300 t), em Minas Gerais (-917 544 t), em Goiás (-705 744 t), no Rio Grande do Sul (-180 521 t), no Pará (-62 287 t), no Amapá (-68 t), no Espírito Santo (-12 t) e no Rio de Janeiro (-11 t).
Sobre o LSPA
Implantado em novembro de 1972 com o propósito de atender às demandas de usuários por informações estatísticas conjunturais mensais, o LSPA fornece estimativas de área plantada, área colhida, quantidade produzida e rendimento médio de produtos selecionados com base em critérios de importância econômica e social para o país. Ele permite não só o acompanhamento de cada cultura investigada, desde a fase de intenção de plantio até o final da colheita, no ano civil de referência, como também o prognóstico da safra do ano seguinte, para o qual é realizado o levantamento nos meses de outubro, novembro e dezembro. Acesse os dados no Sidra. A próxima divulgação do LSPA será em 11 de abril.
Para mais informações sobre esse assunto acesse a página do IBGE na Internet – www.ibge.gov.br ou diretamente na Agência de Notícias IBGE – http://agenciadenoticias.ibge.gov.br/
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