A segunda edição da Fliparacatu recebe a exposição de Oratórios “Objetos de Fé Afro-Brasileiros” na Casa de Cultura

 A segunda edição da Fliparacatu recebe a exposição de Oratórios “Objetos de Fé Afro-Brasileiros” na Casa de Cultura

A Fundação Casa de Cultura na noite de ontem (18), recebeu a empresária Angela Gutierrez, presidente do Instituto Cultural Flávio Gutierrez, o mediador, Afonso Borges e o curador da Fliparacatu, Tom Farias onde participaram do “Sempre Um Papo”, um momento para conhecermos um pouco da trajetória da curadora Angela Gutierrez e sua paixão pelos oratórios.

Bate papo

A pesquisadora e colecionadora Angela Gutierrez, ela com apenas 9 anos e seu pai Flávio Gutierrez  saiam em busca por objetos antigos pelo Brasil, e que bastasse receberem a notícia de uma casa-grande prestes a ser demolida e lá estavam, pai e filha, atrás de novas peças para a coleção da família.

Seu pai Flávio aprendera que as mais raras preciosidades não estavam na residência principal de uma propriedade, mas sim esquecidas em algum lugar por perto, talvez em uma área um dia ocupada por um casebre ainda mais antigo, visível somente por olhares cuidadosos.

Tamanha religiosidade tem explicação. Aos 14 anos, Angela ganhou de presente do pai um oratório com uma pequena Sant’Ana. A peça está hoje no Museu do Oratório e, segundo a colecionadora, é uma das lembranças mais marcantes de seu pai. Flávio Gutierrez percebeu cedo que a filha se interessava pelas peças antigas que ele trazia de viagens. Ele chegava a dar à menina alguns objetos só para que fossem restaurados e dizia: “Limpe direito. Acho que há um anjo debaixo dessa camada de tinta”. Aos poucos, Angela tomou gosto por restauração e passou a recuperar móveis, imagens sacras e objetos antigos. Surgiu também o interesse em colecionar arte de modo geral.

 

Exposição

A mostra integra o 2º Festival Literário Internacional de Paracatu – Fliparacatu, e foi aberta pela curadora Angela Gutierrez, momento emocionante para todos os presentes. A exposição com entrada gratuita ficará até o dia 2 de setembro de 2024. A exposição conta com o patrocínio da Kinross via Lei de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet),  e apoio da Fundação Municipal Casa de Cultura de Paracatu. Os mantenedores do Museu do Oratório são o Instituto Cultural Flávio Gutierrez e o Instituto Cultural Vale.

Com curadoria de Angela Gutierrez, presidente do Instituto Cultural Flávio Gutierrez, a exposição traz peças que estiveram onipresentes no espaço colonial, nas casas, na algibeira, na mina e na senzala, fundindo fé e cultura. “Os oratórios de fatura afro-brasileira em exposição nesta mostra estão em seu estado original, tal como foram encontrados nas mais variadas situações. São instalações de diversos materiais que integram a fé e a arte, numa miscigenação do barroco com a alma africana”, afirma a colecionadora. Angela completa que estes objetos religiosos, construídos no início da formação da sociedade brasileira, são capazes de proporcionar uma reflexão sobre como as adversidades da história uniram povos e que a africanidade é parte indissociável da cultura brasileira. Produzidos nos mais diversos materiais e técnicas, os oratórios são originários de Minas Gerais e do Nordeste do Brasil, alguns com apenas 5 centímetros e outros que chegam a quase 2,5 metros de altura.

As peças compõem o acervo permanente do Museu do Oratório, localizado na cidade de Ouro Preto – MG.  Inaugurado em outubro de 1998, o Museu do Oratório apresenta uma coleção única em todo o mundo de 162 oratórios e 300 imagens dos séculos XVII ao XX. As peças do acervo foram doadas ao IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) por Angela Gutierrez e são genuinamente brasileiras, principalmente de Minas Gerais. O acervo oferece detalhes valiosos da arquitetura, pintura, vestuário e costumes da época em que foram produzidos, permitindo uma verdadeira viagem antropológica pela história do Brasil.

“O mundo reverencia nossa cultura, então vamos cuidar, preservar nosso patrimônio.”   Ângela Gutierrez

 

 

Sobre a curadora

 

Angela Gutierrez é formada em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas, com especialização em Marketing. É pesquisadora do Barroco brasileiro e colecionadora de arte sacra. Fundou em 1998 o Instituto Cultural Flávio Gutierrez (ICFG), sendo responsável pela criação e implantação do Museu do Oratório, em Ouro Preto (MG); do Museu de Sant’Ana, em Tiradentes (MG); e do Museu de Artes e Ofícios, em Belo Horizonte (MG). Foi Secretária de Cultura do Estado de Minas Gerais, Membro do Conselho Consultivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e faz parte, desde os anos 2000, do Conselho Curador da Fundação Dom Cabral. Esteve à frente da coordenação editorial de livros e outras publicações sobre a Arte Brasileira e Patrimônio Cultural.

A segunda edição da Fliparacatu de 2024 começa em 28 de agosto e vai até 1º de setembro, no Centro Histórico de Paracatu.

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O Lábaro

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