JUKEBOX FROM HELL LANÇA EP COM QUATRO CANÇÕES INÉDITAS

Por Sandro Neiva

Sempre na contramão, nadando contra a correnteza e céticos em abraçar os famigerados caminhos açucarados do mainstream, os goianos do JUKEBOX FROM HELL – ao contrário de grandes baluartes da indústria musical, que sobrevivem de material velho, sem apresentar novas composições – parecem incansáveis. Muita criatividade? Ótimo, os rockers agradecem.

O quarto álbum de estúdio, Maverick Preto 78, lançado no princípio do ano, mal esfriou, e eles já aparecem com material novíssimo na praça. Como prenúncio do quinto álbum, – a ser lançado no princípio de 2025 pela Monstro Discos, sob o título O Quinto na Fila do Inferno  –, acaba de sair em todas as plataformas de streaming, o EP As Cartas Vêm e Vão (Mas Estão Sempre Nas Mesmas Mãos), com quatro canções inéditas. Produzido com fundos da Secretaria de Cultura do Estado de Goiás, O EP nos mostra uma autêntica banda de rock´n´roll, tocando com a mesma competência e honestidade habituais.

Ao observar a primorosa arte gráfica da capa e fazer a audição da primeira faixa, Murro em Ponta de Faca, o ouvinte já percebe a produção feita com apuro e refinamento. As guitarras de Rodrigo Beckman são prodigiosas e avassaladoras, solos precisos e riffs matadores que dão gosto de ouvir. A cozinha segura, formada pelo baixo de Pê Ribeiro e pela bateria de Oscar Jayme, assegura o beat nervoso que sustenta toda a agressividade, guiada pelo vocalista Fabiano Áquila. É da mente irrequieta de Pê Ribeiro que saem as letras densas, imbuídas de lirismo, e por vezes, incômodas ou de tom maniqueísta, que revelam o dualismo entre o bem e o mal, ou entre Deus e o diabo.

Em Primogênito Blues, Pê proclama: “Luz de Vela para os Cegos de Alma”. “Esse som representa um papo reto entre eu e meu filho”, explica. A música seguinte, O Mal Não Descansa, Cavalgue o Raio, talvez a mais forte, é puro veneno de cascavel injetado na veia do olho, se é que você me entende! A letra parece questionar a integridade do ser humano num mundo caótico de pós-modernidade.

Para fechar, a faixa que dá nome ao EP. As Cartas Vêm e Vão (Mas Estão Sempre Nas Mesmas Mãos) – uma legítima expressão de desabafo contra todos os covardes, verdugos, opressores e “atrasa-lados” desse mundo. Tudo nisso embalado em uma roupagem sonora aprimorada, que demonstra o nível de entrosamento e profissionalismo da banda.

Sim, o JUKEBOX FROM HELL continua comprometido com seus próprios princípios sonoros, como reza a cartilha do hard rock pesado, produzido sobretudo, na década de 1970. O mais legal de tudo é que eles não soam datados, genéricos ou maçantes, demonstrando maturidade e experiência, adquirida tanto em estúdios, quanto nos palcos. Aliás, o show deles a que assisti em Paracatu (MG) no último mês de setembro, ainda ecoa e reverbera em minha mente. Yeah, man, apague as velas e esqueça a oração! Rock´n´roll nos tímpanos! 

Ouça o EP pelo link abaixo:

https://www.youtube.com/watch?v=3Sufgsa1sA8