Arquivo Público Municipal faz 29 anos com programação especial e grandes homenagens
Na noite de ontem sexta-feira, 30, aconteceu à solenidade de aniversário do Arquivo Público Municipal Olímpio Michael Gonzaga em Paracatu, que celebrou 29 anos de fundação. O órgão, vinculado à Fundação Casa de Cultura e que guarda um acervo documental dos séculos XVIII, XIV e XX, também teve o descerramento da placa com o slogan “Guardião da Memória Regional”, prestou homenagem aos fundadores e servidores públicos.
História
O Arquivo Público Municipal, Olímpio Michael Gonzaga, nasceu de um sonho consciente de preservar a história do município de Paracatu.
Para isso, foi criada uma comissão composta por Maria da Conceição Amaral Miranda de Carvalho (Cecé), Helen Ulhôa Pimentel, Maria das Graças Caetano Jales, Suely Assunção Silva, Petrônio Costa, Max Ulhôa e Letícia Lepesquer Cordeiro, que promoveu os estudos iniciais para sua implantação.
Em janeiro de 1993, foi retirada a documentação dos séculos XVIII, XIV e XX dos porões da antiga Santa Casa. Esses documentos, que ficaram, durante décadas, submetidos à ação das traças e às intempéries, incorporaram-se à importante documentação que se encontrava sob a guarda do historiador Antônio de Oliveira Mello e ainda ao acervo fotográfico e documental “Virgílio Bijos”.
O convênio firmado com o Fórum de Paracatu, que entregaria ao Arquivo Público todos os processos da justiça comum, com sentença proferida há mais de vinte anos, aumentaria, sobremaneira, as fontes de pesquisa.
O prédio do Sobradinho do Santana, cedido pelo prefeito municipal na época, senhor Manoel Borges de Oliveira, passou a abrigar a partir de janeiro de 1994 todo o acervo documental reunido até então.
Solidifica-se o sonho.
É inaugurado o Arquivo Público “Olímpio Michael Gonzaga”, no bairro Santana, marco inicial da história paracatuense.
Desde 2007, está sediado, no imponente casarão de nº 249 da Rua Temístocles Rocha, no núcleo histórico.
Prima-se, ao longo dos seus 29 anos, à salvaguarda e ao acesso à memória documental e informacional do município de Paracatu e da região Noroeste de Minas Gerais.
A mesa de honra do evento foi formada pelo Prefeito Igor Santos, Presidente da Câmara Municipal de Paracatu, a vereadora Claudirene Rodrigues, Promotora de Justiça, Dra. Mariana Leão Duarte, Secretário de Gestão Pública, Maykon Freitas, Diretor-presidente da Fundação Municipal Casa de Cultura Igor Faria, Chefe de Divisão de Arquivo Público, Hanáh Rhiney, CO-Fundadora do Arquivo Público Municipal e membro da Associação dos Amigos da Cultura, Maria das Graças Jales, Gerente Regional do Triângulo e Noroeste dos Correios, Edson Moreira, Secretário Municipal de Cultura e Turismo Igor Diniz e a Coordenadora dp Arquivo Público Permanente Sônia Santos.
Obliteração do Selo
Cerimônia marca a obliteração do selo comemorativo dos 29 anos do Arquivo Público de Paracatu, e foi conduzida pelo senhor Edson Hélio Moreira.
Participaram da obliteração: o Prefeito Igor Santos, Secretário M. Maykon Freitas, Secretário M. Igor Diniz e o Diretor da Fundação Casa de Cultura Igor Faria.
O selo personalizado com AP-Arquivo Público Municipal e foto do Olímpio Michael Gonzaga.
Trechos do discurso do Gerente Regional dos Correios Senhor Edson Hélio
“É com muito prazer que estamos aqui hoje prestigiando e contribuindo para a comemoração do 29º aniversário do Arquivo Público que tem tamanha importância para a Casa de Cultura de Paracatu e para toda população paracatuense. Embora o Arquivo Público tenha sido formalmente criado há 29 anos, seu acervo possui documentos seculares como obras raras de manuscritos do século XIII, dentre tantos outros documentos, fotografias e demais instrumentos que compõe a história de Paracatu, ao conhecer essa história, conseguimos entender o seu slogan de “Guardião da Memória Regional”.
Paracatu, que segue crescendo e se desenvolvendo com a mineração, faculdades e agricultura pujante, ainda assim preserva conjunto arquitetônico com características particulares e possui diversos tipos de manifestações artísticas e culturais.
Ao nos entrelaçarmos nessa história magnífica, percebemos a dedicação e empenho que foram empregados durante anos para proteger toda a memória de uma cidade tão rica e importante para a história do nosso país. Precisamos enaltecer o trabalho de décadas do arquivista deste acervo, representado, pelo seu patrono, Olímpio Michael Gonzaga.
E os Correios, parceiro desde os primórdios, participa com muita satisfação de mais um momento especial, podendo confeccionar esse selo personalizado e o carimbo comemorativo, mais uma peça de coleção para o acervo do arquivo e outros colecionadores que deixará eternizada essa data para os próximos séculos.”
A Caretagem
Apresentação da Caretagem A família dos Amaros abrilhanta a grande festa de 29 anos do Arquivo Público Municipal, com a tradicional dança da carretagem, que é patrimônio imaterial da humanidade.
CARETAGEM, OU TRETA?
(Quem sabe apenas um olhar musical)
Adailton Silva (Didi)
Ontem, no aniversariar jovem dos vinte e nove anos do Arquivo Público de nossa cidade, Paracatu, ali estive e melhor recebido, com nobres e honrosas companhias, autoridades, servidores e muitos amigos. No desfecho da cerimonia de merecidas honrarias, inclusive com selo especial comemorativo ofertado pelo correio nacional, antecedendo caldos, canjicas e outras guloseimas que aqueceram o bucho e a alegria dos convivas, veio a festiva e nossa, CARETAGEM; ritmo, música, sanfona dança, cores e tambor. Um preto musculoso de dar inveja, – sem nunca ter sabido porta de “academias” – empunhava e tocava uma sanfona com empolgação pouco vista. O fole, esse teve trabalho, aquecido, de tanto resfolegar nesse friozinho fim de junho, abrindo-se num vai-e-vem quase frenético. A seu lado um companheiro, num ritmo sem falhar marcação ou síncope, que me lembrou Jakson do Pandeiro e que não mendigava energias naquele tambor rústico e enfeitado, que marcava a dança, as evoluções dos dançarinos. Tum, tum, tum…“dois por quatro” impecável. Olhava-os, e não tive como por tapume às gretas da mente e ai, ela vadiou solta as pradarias do continente africano, vizinho de mar. Bichos correndo livres e soltos numa democracia vagabunda e bela. Aldeias e aldeolas, potes, pilões, saris e poços de água mitigante, carnes de caça em varais compridos, em cordas trançadas por mãos hábeis. Sol a pino, vermelho empoeirado e manhãs de dia novo, inspirador. Cantorias nativas com variações de vozes, terças, quartas querendo resolução, quintas, descantes e até quartos de tonos, terminologias musicais que de jeito nenhum a quem lê, são da obrigação de saber ou importar. Tudo isso ontem, entre uma conversa e outra, – que paracatuenses se se ajuntam, é assunto-, de não acabar mais. Tum, tum, tum… num “Ostinato” de vinte minutos cada ciclo de dança. “Ostinato” em música diz-se de uma frase musical normalmente curta que se repete à quase exaustão, sempre numa linha de “baixos”, nos graves, dando base a escalas e variações melódicas incisivas, coisa de irmos embora e aqueles sons nos fazerem companhia, repetindo-se na memória musical, tum, tum, tum… Há que se inquirir a razão e os porquês desse “Ostinato” denso, insistente, desses pretos vindos e à tempos, já do lado de cá. Aquele tum, tum, tum, insistente, quase irreverente como mão que bate em porta de madeira chamando gente, me atiçou a divagar razões. Permitam-me errar e me ensine quem souber, mas uma coisa me respondia por dentro, somando nós: Aquele “dois por quatro” do tambor, sem mutação, aquele “baixo” “Ostinato” da sanfona crua, aquelas cores vivas das vestimentas em fitas, lindas, variadas e tremeluzentes, que de tantas, mimetizavam o olhar; aquelas roupas todas iguais, todos mascarados, máscaras as quais nenhuma esboçava sorriso e outras, em um tom quase ameaçador… Minhas escusas mas não posso, musical, histórica e esteticamente, ir a outra conclusão: Era treta!! Treta da ardilosa, hábil e musicalmente tramada nas inteligências que construíram esse país miscigenado. O ritmo único, o “Ostinato” roncando grave, os gritos entremeados dos hábeis dançarinos, escondiam sob as máscaras, pretos fugidos, ou a fugir, vestes amoitavam facas subtraídas às cozinhas e algum punhal, de defesa e não de maldade. De quebra, aquele tum, tum, tum cansava os “Senhores” e suas “Sinhás. Vinte minutos daquele ritmo repetitivo sem interrupção, noites friorentas… Logo logo os Senhores” e as “Sinhás, imiscuíam-se casarões adentro buscando conforto e aí, troca de vestes, preto ganhando campina em fuga alucinada, e o tum, tum, tum demorado, escondendo tudo, fazendo a trilha sonoras de esperanças de livramento, até a sanfona esvanecer seus sons e o tum, tum, tum, ficar inaudível na distância. Assim, vida aos Amaros da Caretagem!! E, sorte a nossa, com uma salva ao paracatuense Lavoisier Albernaz que me deu saber num assunto de sua saga, porta em porta, colhendo dados e informes no reviver dessa arte então esquecida.
Era treta!
Homenagens:
Entrega de placas aos homenageados
Frase da placa: “Resgatar a memória cultural de um lugar é a maneira mais respeitosa de reverenciar a história do seu povo”. Yhulds Bueno.
Momentos do evento:
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