18 de maio – Dia Nacional da Luta Antimanicomial
Desde 2019, as conquistas do Movimento Nacional vêm, sendo ameaçadas com o retorno aos anos de violência e barbárie perpetradas por décadas aos internos dos famigerados dos hospitais psiquiátricos.
Apesar de terem nomes de hospitais nunca curaram ninguém, mas garantiam a vida em morte de todos que estiveram internados.
O Movimento da Reforma Psiquiátrica se iniciou no final da década de 70, em pleno processo de redemocratização do país, e em 1987 teve dois marcos importantes para a escolha do dia que simboliza essa luta, com o Encontro dos Trabalhadores da Saúde Mental, em Bauru/SP, e a I Conferência Nacional de Saúde Mental, em Brasília.
A Luta Antimanicomial é um movimento histórico e nacional que dá continuidade às ações de luta política na área da saúde pública do Brasil. É presente na construção do SUS (Sistema Único de Saúde). Este movimento fomentou a criação da Lei 10.216/2001, proporcionando a milhares de pessoas tratamento de seus sofrimentos psíquicos em serviços territoriais perto de suas casas, de forma respeitosa e digna, e não mais no isolamento dos hospitais psiquiátricos.
Com o lema “por uma sociedade sem manicômios”, diferentes categorias profissionais, associações de usuários e familiares, instituições acadêmicas, representações políticas e outros segmentos da sociedade questionam o modelo clássico de assistência centrado em internações em hospitais psiquiátricos, denunciam as graves violações aos direitos das pessoas com transtornos mentais e propõe a reorganização do modelo de atenção em saúde mental no Brasil a partir de serviços abertos, comunitários e territorializados, buscando a garantia da cidadania de usuários e familiares, historicamente discriminados e excluídos da sociedade.
Basaglia
Franco Basaglia foi um psiquiatra, reformulador do modelo de tratamento aplicado em instituições psiquiátricas até então, e referência global na luta antimanicomial. Basaglia nasceu em Veneza em 1924 e faleceu em 1980 na mesma cidade.
Durante os anos sessenta, ele dirigiu o Hospital Psiquiátrico de Gorizia e ali testemunhou uma série de abusos e negligências no tratamento dos enfermos. Por esse motivo, Basaglia promoveu junto a um corpo de psiquiatras, mudanças práticas e teóricas no tratamento de seus pacientes, conhecidas como Psiquiatria Democrática, ou o movimento de “negação à psiquiatria”, que deu origem à luta antimanicomial.
Basaglia concluiu que a psiquiatria não era suficiente para tratar o paciente e que o isolamento e a internação em manicômios poderiam até mesmo agravar a condição dos pacientes. Portanto, seria necessário remodelar a estrutura psiquiátrica tal como era conhecida. O tratamento manicomial deveria ser substituído por atendimentos terapêuticos através de centros comunitários, centros de convivências e tratamento ambulatorial.
Basaglia visita o Brasil
Vinda de Franco Basaglia ao Brasil para uma série de conferências no Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte, que deram origem ao livro “A Psiquiatria Alternativa: contra o pessimismo da razão, o otimismo da prática”. O livro foi publicado posteriormente na itália com o título “Conferenze brasiliani” e republicado ampliado mais recentemente na Itália e em vários outros países. A viagem à Belo Horizonte, com o apoio da Associação Mineira de Psiquiatria e teve como objetivo o seminário “Psiquiatria Institucional e Social”. – 02 a 07 de julho. Na ocasião, Basaglia visitou alguns hospitais, dentro os quais o de Barbacena, e ao qual comparou a um campo de concentração. A visita produz muitas repercussões na imprensa escrita e falada em Minas Gerais e nos principais jornais do país. A partir desta visita foi produzido o filme “Em nome da Razão”, de Helvécio Ratton, e o livro e série de reportagens “Nos porões da loucura”, de Hiran Firmino
Por isso é importante esta data ser lembrada através de ações para que continuemos lutando por práticas antimanicomiais, e assim teremos uma sociedade mais justa e igualitária.
Vejam neste link abaixo as Memórias de um holocausto à brasileira
https://www.em.com.br/app/noticia/especiais/alemdosmuros/2017/05/05/alem-dos-muros,867127/memorias-de-um-holocausto-a-brasileira.shtml
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