O POLÍTICO

foto da internet para ilustração

Segue a passos firmes, acena para um, cumprimenta outro, entra numa casa da periferia e entrega panfleto, é Totonho, inventou de se candidatar vereador.   Certa vez, me confidenciou uma colega (esposa de político), que parece que muitas pessoas são picadas por um inseto e não conseguem mais largar o osso (serviço público), vivem tentando se eleger e/ou se reeleger. Observo o entusiasmado candidato acelerado pelas vielas da cidade, em cada casa que entra sai mais sorridente, obviamente leva consigo a promessa de um monte de votos, no rosto a certeza de que será um dos eleitos.   Mal sabe o infeliz que o tratamento e promessas a ele dispensado, muitos outros já receberam.   É enganação contra enganação.   Há muitos anos a cena se repete, alguns candidatos e dentre eles também pessoas de má índole acabam gastando nos meses e dias que antecedem o pleito todas as reservas econômicas que possui, pior que os desonestos esperam reaver sua bufunfa quando eleitos.    Passada a eleição, festas para uns, decepção para outros.   É gente dizendo que “nunca mais se envolve com política”, o tempo, o melhor dos remédios sara as mágoas, e lá vem Totonho de novo, as pessoas dizem “você é muito conhecido”, “tem muitos amigos”, “se a metade dos seus parentes votar em você, está eleito”, Totonho tira o chapéu, olha o tempo, pensa.   –Num é que é mesmo?   Oia só, se conta só a turma das peladinhas da terça e quinta é um montão de gente!   Acho que ocê tem razão, o povo tá quereno.   A muié falô pra num mexê, mais cê me convenceu, vo infrentá de novo.   É sempre assim.   Ilusão para uns, ganha pão para outros, o ato de politicar é misterioso e atraente ao mesmo tempo, o curioso é que algumas pessoas entram de cabeça, corpo e alma, se envolve e acredita tanto que caso não seja eleito, fica até difícil suportar o amargo gosto da derrota.   Uma  porcentagem grande de candidatos que pleiteiam vagas nos legislativos das esferas municipal, estadual e federal, em regra, não têm preparo suficiente para exercer os cargos, daí acabamos por eleger “veterinários para pilotar aviões” ou vice versa.    Esses mesmos legisladores bem ou mal assessorados acabam por perpetuar nas cadeiras, e o povo, mal instruído que é ainda bate palmas para a situação, estamos literalmente ferrados.   A título de informação os eleitores desinformados, nas eleições, premiam sempre alguns “totonhos”.   Tempos atrás, ainda na academia de direito, vi um colega do 4º. período dizer com certo orgulho que votaria em determinado candidato porque tinha dó dele, EU, naquele momento fiquei com pena do meu colega que tempos depois concluiu o curso de direito.   É difícil.  O eleitorado, todo ele, ávido por resultados rápidos e benefícios, não seleciona bem os candidatos, vota e elege sem utilizar critérios mais técnicos.   Os candidatos preocupados em se reeleger criam ideias e se comprometem a “fazer mundos e fundos”, elaboram projetos, criam cartas de intenções, enchem o povo de promessas.   Quando eleitos, a maioria ignorantes, tentam combater os problemas pelos efeitos e não pela causa, o povo, cada vez menos instruído, quem disse que os políticos de carreira querem eleitor instruído, educado e crítico?   Para os políticos de profissão o povo deve ser massa de manobra, sem voz ativa, uns zé ninguém, assim é que é.

Miguilim nas eleições – Vote em pessoas com condições de representa-lo bem.

Miguel Francisco do Sêrro – Advogado/Historiador

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